24 de Janeiro, 2025

DOSSIÊ ICE | Imprensa clandestina e do exílio

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SEM FRONTEIRAS | 15 de fevereiro 2021 | DOSSIÊ fevereiro 2021

Que lições tirar da imprensa clandestina e do exílio para os dias de hoje e de amanhã?

Não vos vou apresentar os Coordenadores deste Dossiê sobre a Imprensa Clandestina e do Exílio a partir de uma representação que eu próprio poderia ter construído porque, na verdade, ela surgiria como muito divorciada da realidade.

Se vos disser que para mim o Manuel Branco de Grenoble ainda é o Che de megafone na mão numa oficina dos STCP travando as batalhas reivindicativas dos transportes, que a Sónia Ferreira é a antropóloga cheia de iniciativas e projetos que emerge como investigadora mais como Sherlock Holmes do que Levi-Strauss e que o José Manuel Cordeiro surge do meio de um livro de História rompendo pela sua biblioteca fora com capa de Harry Potter e máquina de escrever Remington na mão, então a fantasia que vos ofereço pode ter alguma utilidade.

A imaginação do viajante

A questão da representação, da ilusão e da imagem foi dissecada com mestria por Umberto Eco no seu livro “Espelhos e outros ensaios” e teremos que admitir que para revisitar a imprensa clandestina e do exílio necessitamos de ser guiados pelo genial escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano.

Vamos necessitar de sentir o cheiro das tintas da Gestetner sem lá estar, teremos que viver as pulsações aceleradas de um coração já muito inquieto de quem tem que ir à loja comprar “o material necessário”, vamos ter que sentir o sono e o cansaço de noites seguidas sem parar e sem dormir com o Offset a vomitar papel, teremos que respirar fundo da mesma forma que aqueles que recuperam habilmente o stencil rasgado pelo uso excessivo, viveremos a mesma frescura na cara das corridas matinais das entregas e a mesma alegria das madrugadas no café da esquina quando é possível finalmente afirmar em voz baixa , quase em surdina, este já está!

Coragem

A nossa proposta de revisita à Imprensa Clandestina e do Exílio não é pois uma passagem pelo museu ou pelo arquivo deste ou daquele exemplar de capa bonita. Trata-se de pôr à tona de água, olhando para o passado e pensando no futuro, a CORAGEM dos milhares de protagonistas de uma ação subversiva de escrever e ainda por cima fazê-lo com o risco da própria vida.

Agenda do dossiê

Retomando o tema da coordenação deste dossiê e da sua agenda seremos guiados pelo José Manuel Cordeiro nos primeiros dias com uma apresentação pormenorizada das diversas publicações que merecem destaque no período que decorre entre 1926 e 1974.

De seguida a Sónia Ferreira convidar-nos-á a uma leitura de abordagens mais reflexivas sobre este tema particularmente desafiador sobre o qual ela própria desenvolveu investigação e finalmente Manuel Branco será o nosso anfitrião para uma visita através da máquina do tempo ao ALARME.

Numa última jornada tentaremos todos produzir algo que nos leve, dinamizadores temáticos e leitores do SEM FRONTEIRAS, a um exercício de base colaborativa para darmos nota que a energia do passado permanece intacta para um combate firme contra as ditaduras e a ausência de liberdade de expressão.

Carlos Ribeiro | Coordenador Editorial SEM Fronteiras, 15 de fevereiro 2121

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