Otelo imaginário encheu A Barraca
TEATRO | Livros & Música – Encontros Imaginários A BARRACA
“Não tenho jeito para isto” foi a primeira declaração de Fanhais, que tinha a missão especial de representar Zeca Afonso no Encontro Imaginário de ontem na A Barraca, desconcertando os seus colegas de mesa Aprígio Ramalho (Otelo Saraiva de Carvalho), Mário Tomé (Kaúlza de Arriaga) e naturalmente Hélder Costa o condutor paciente e persistente destes painéis de leitura crítica que encantam os amantes da cultura irreverente.
A dúvida no público, que no caso da sessão de ontem quase que encheu o anfiteatro do teatro do Cinearte, foi no sentido de saber se a deixa constava nos guiões do exercício, que se assemelha mais ao teatro na rádio do que ao desempenho em palco, ou se Fanhais estava mesmo a desabafar.
A cumplicidade é tal entre todas as partes presentes na sala que quase que podemos falar de cenários fellinianos de elevada boa disposição.
A revelação que um familiar do Kaúlza simulado, no caso o militar de Abril Tomé, esteve envolvido no golpe de Botelho Moniz e que o anúncio ao interessado (Tomé) tenha sido realizado pela personagem que estava a representar (Kaúlza), criou uma situação de humor inesquecível.
No final cantou-se o Grândola Vila Morena que para além de ser hino da Liberdade é inquestionavelmente o hino dos Encontros Imaginários que enchem os corações e a esperança de quem por lá passa.
Fanhais e Vitor Sarmento concluíram o programa da noite com apresentações de músicas e canções com um forte pendor intimista – Zeca. José Mario, Adriano Correia de Oliveira – e A Barraca viveu mais uma noite memorável.
FANHAIS
FANHAIS II
VITOR SARMENTO I
VITOR SARMENTO II