24 de Janeiro, 2025
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VOZ ATIVA – OPINIÃO António Aires Rodrigues falou para jovens socialistas do Montijo

Assembleia da Juventude Socialista do Montijo, na tomada de posse do novo presidente da JS, com a presença da Presidente da Assembleia Municipal do Montijo, Catarina Marcelino e do Secretário Geral da JS, Miguel Matos.

Sessão no Montijo levou Aires Rodrigues a revisitar terrenos do passado

Intervenção

Amigos e camaradas,

Vivemos hoje uma situação internacional de profunda crise do sistema social, marcada por guerras que massacram e destroem de forma bárbara os povos envolvidos e, fazem pagar aos outros povos e às outras populações as suas consequências.

Se queremos abrir um futuro novo à sociedade, nós portugueses temos uma experiência recente que outros povos não têm. Há que apoiarmo-nos nela e tê-la em conta.

Há cinquenta anos os jovens, como a maioria daqueles que hoje aqui se encontram, ou estavam no exército, preparados para serem enviados para as colónias e regressarem numa “caixa de chumbo” ou, no exílio. Enquanto as jovens eram submetidas à maior segregação, que se iniciava na família, na escola primária e prosseguia no dia a dia, sob a tutela duma Igreja retrógrada e conivente com o regime.

Como respondeu então o nosso povo a uma situação que o vinha escravizando ao longo de 48 anos e a uma guerra colonial que durava há treze e deixava marcas profundas em todas as famílias?

Aproveitando o golpe dos militares de Abril, no dia 25, o povo saiu à rua. Saiu à rua e iniciou o desmantelamento das instituições do antigo regime. Começou com a invasão pelos populares da sede da polícia política, a célebre PIDE, obrigando os pides a vir em cuecas, sob prisão e, inviabilizando a manutenção da referida polícia política, pelo General Spínola. Em seguida e em plena confraternização com os soldados foi a abertura das prisões, do Aljube a Caxias e ao Forte de Peniche.

Este movimento prossegue, com o saneamento das administrações das grandes empresas, todas elas comprometidas com a ditadura, iniciando-se a partir daqui, da margem sul, onde havia uma maior concentração operária e contestação e estendendo-se a todo o país. Alarga-se às Câmaras Municipais, instrumentos do regime, substituindo os presidentes por homens da confiança da população, do norte ao sul do país, mesmo nos sítios mais recônditos.

Não sem dificuldades, avançou-se para uma Assembleia Constituinte Soberana, que apoiada neste movimento de fundo que desfilava por todo o país, das cidades aos campos, permitiu começar a construir as bases de uma nova sociedade e inscrever direitos democráticos e conquistas sociais, muitas das quais ainda continuam de pé, mas que agora estão ameaçadas.

Estamos hoje a viver uma situação que, se não fosse trágica, podíamos chamar de cómica, aceitar que se tornem públicas escutas, que confundem declarações do primeiro-ministro, com as dum seu ministro com o mesmo nome. As consequências desta “judicialização” consentida e certamente conivente, todos as conhecemos.

Por isso para mim ser socialista hoje, tal como no passado foi participar nas lutas estudantis e sociais contra o antigo regime, até ser forçado ao exílio e, em seguida, integrar o movimento de fundo que atravessava o país, para pôr de pé uma sociedade com futuro, só pode ser:

– Lutar, para restabelecer a democracia;

– Lutar, para restabelecer a soberania;

– Lutar, para repor o Sistema Nacional de Saúde, que garanta o direito à saúde como um direito universal;

– Lutar por repor a Escola democrática de Abril, para os alunos e docentes;

– Lutar por repor plenamente os direitos laborais dos trabalhadores;

– Lutar pelo direito à habitação, procurando encontrar uma solução habitacional digna para todas as famílias, mas em particular para as camadas jovens;

Caros amigos e camaradas,

O movimento iniciado com o 25 de Abril que os socialistas integraram, acabou com a guerra colonial. Ser socialista hoje significa nem mais uma arma contra a Palestina.

E, para concluir, gostava de citar a frase de um respeitado dirigente socialista francês da IIª Internacional, Jean Jaurès, assassinado em Agosto de 1914: “O capitalismo transporta a guerra como a nuvem a tempestade”.

Ser socialista é acreditar e lutar por transformar a sociedade, para que a humanidade tenha um futuro com dignidade.

Porque acredito, continuarei a luta pelo Socialismo.

Aires Rodrigues                                                                  

Montijo 17/11/2023

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