Filme documental Exílios do Feminino no Mira Fórum do Porto
Vozes que ilustram uma História complexa, com contornos políticos, ideológicos e sociais
O projeto Exílios no Feminino [1]
AGENDA – SESSÃO NO PORTO – MIRA FÓRUM – 6 de dezembro 21h30, Organizada pela AJA Norte – Associação José Afonso
Mira Fórum – Porto | Exposição
FILME DOCUMENTAL | PORTO | 6 de dezembro 2024
Exílios no Feminino
O filme documental desenvolvido por Edgar Feldman, Paulo Guerra e Eduarda Manso está organizado em dois episódios, cada um com cerca de 50 minutos e reproduz as entrevistas realizadas a Amélia Resende, Beatriz Abrantes, Fernanda Marques, Helena Cabeçadas, Helena Rato, Irene Pimentel e Maria Emília Brederode dos Santos.
A antestreia foi levada a efeito na Associação 25 de Abril no dia 29 de abril de 2023 e a sua apresentação pública ocorreu nos dias 23 e 24 de Abril na RTP 2, às 23h00.
No termo das apresentações do filme será realizado um debate com a participação dos protagonistas do livro Exílios no Feminino presentes no Mira Fórum, Carlos Ribeiro editor da obra e as coautoras Fernanda Marques, Amélia Resende e Maria Emília Brederode Santos. A publicação esteve na base do filme documental agora apresentado no Porto.
Fazem parte da equipa Edgar Feldman e Paulo Guerra na realização, Eduarda Salaviza Manso nas entrevistas, Jorge Galvão nos grafismos e Luís Cilia na música original
Em que consiste esta dupla de documentários que foi divulgada na RTP por ocasião do cinquentenário do 25 de Abril?
Trata-se de uma transposição, criativa, parcial e complementar, para a linguagem audiovisual de textos produzidos por sete autoras – Amélia Resende, Beatriz Abrantes, Fernanda Marques, Helena Cabeçadas, Helena Rato, Irene Pimentel e Maria Emília Brederode Santos – sobre as suas histórias de vida principalmente nas vertentes relacionadas com a militância política e com a intervenção em áreas do desenvolvimento social e cultural do país no pós-25 de Abril.
O projeto Exílios no Feminino
Assim o filme documental Exílios no Feminino, que é apresentado em duas sessões de 50 minutos cada, integra-se no projeto com o mesmo nome que teve origem na proposta de 3 mulheres então membros da Associação de Exilados Políticos Portugueses, Teresa Perdigão, Ana Rosenheim e Conceição Cardeira, logo após a saída do primeiro volume da publicação Exílios, em 2015. Este livro que no essencial deu a palavra a homens e a ex-militantes do Grito do Povo sobre antecedentes e vivências no período do exílio político entre 1961 e 1974 já incorporava, no entanto, seis textos escritos no feminino [dos 22 publicados]. A intenção das proponentes, que verificaram ter existido uma abordagem excessivamente masculina do tema central do livro, era replicar o modelo da publicação coordenada e editada a partir de critérios de design gráfico de Fernando Cardoso, mas com histórias e relatos de mulheres retirando da sombra do esquecimento as inúmeras militantes que deram um contributo decisivo à luta antifascista antes do 25 de Abril.
Circunstâncias internas levaram ao abandono ou afastamento da associação de uma vintena de associados e de associadas, entre as quais as proponentes citadas. O projeto, nos termos pretendidos, fora em consequência abandonado.
Uma nova abordagem ao projeto
Mais tarde na Presidência da AEP 61-74 de Fernanda Marques, uma especialista em histórias de vida e em avaliação de competências que a levaram a desenvolver uma tese de mestrado na Universidade do Porto sobre o tema, a intenção é retomada com o apoio logístico de Beatriz Abrantes tendo sido constituído um grupo de sete mulheres para desenvolver uma nova abordagem ao projeto.
Assim, na origem do Exílios no Feminino existe uma revindicação que podemos relacionar com a igualdade de género e uma exigência de tratamento nos processos históricos do papel da mulher, quer na resistência antifascista quer ainda na militância política no período do exílio antes do 25 de Abril.