Vale a pena conversar sobre o passado, a pensar no presente e no futuro
Filme documental Exílios no Feminino foi exibido no Porto
O Mira Fórum, em Campanhã, acolheu com a amabilidade e o entusiasmo habitual mais uma iniciativa da AJA Norte na passada sexta-feira à noite. De facto, a Associação José Afonso tem promovido nos últimos tempos vários encontros naquele espaço de cultura e cidadania.
No Mira Fórum, Campanhã, realizam-se iniciativas regulares como exposições, debates, encontros e outras atividades artísticas e culturais
Desta feita, em noite de greve dos transportes, foram vários os corajosos que se apresentaram para visualizar em grupo o filme documental cujo título é idêntico ao do projeto e do livro que lhe deu origem: Exílios no Feminino.
Depois da exibição a maior parte dos participantes reuniu-se em formato de tertúlia e foram muitas as reações às situações e às mensagens que as protagonistas das imagens projetadas adiantaram em tom de testemunho e de relato de memórias, com mais de meio século de História como pano de fundo.
Uma tertúlia animada e participada
Paulo Esperança introduziu o filme documental e o objetivo da iniciativa da AJA Norte
As interrogações foram por um lado sobre as ligações mais relevantes do filme com os conteúdos do livro e especificamente sobre o projeto e processo de elaboração. Foram também sobre temas muito concretos como as relações de poder entre militantes de organizações que alegavam querer mudar o mundo, sobre os preconceitos em relação às opções sexuais, sobre o direito ao corpo por parte das mulheres, sobre a violência doméstica e sobre as diversas abordagens históricas às correntes feministas.
Os presentes assumiram como um desafio coletivo refletir sobre as mudanças que terão ou não ocorrido, nestas áreas da mudança social, ao longo dos anos desde o 25 de Abril. No essencial foram sobretudo apontadas áreas que carecem de ações mais radicais e intensas para que a transformação das atitudes e comportamentos ocorra com a profundidade desejada.
Por fim foi estabelecida uma ligação mais global entre o filme e o livro tendo sido salientado que algumas áreas sacralizadas, no plano ideológico e político, presentes nos testemunhos sobre o exílio realizados no passado principalmente por homens, foram questionadas de forma aberta pela maioria das autoras dos textos cuja reflexão coletiva, irreverência e radicalidade criam agora condições para debates mais profundados sobre um período histórico com início nos anos sessenta do século passado.
Fotos © João NUNO-Aja Norte e CVR – Nsf
