Fórum reforçou pensamento crítico e lançou desafios à sociedade civil
EVENTO CENTRAL | 24 de julho 2020 | SF
A Escola Secundária de Camões, este sábado dia 23 de julho, foi uma vez mais o placo de um amplo debate político sobre informação e desinformação e ainda sobre outros temas de atualidade que mobilizaram algumas dezenas de participantes no IV Fórum Liberdade e Pensamento Crítico.
Foram ouvidas vozes dos mais variados quadrantes do debate público nacional e, desta forma, foram criadas condições para que todos os participantes passassem a dispor de um quadro mais alargado de referências e de ideias para a sua própria reflexão sobre cada uma das áreas abordadas no encontro. O ambiente e a guerra climática, a guerra e os seus diversos ângulos de abordagem, os refugiados dos nossos dias e as dinâmicas peculiares dos exílios do passado e ainda a democracia e os desafios que ela enfrenta nas sociedades modernas foram pontos de partida para intervenções especializadas e para debates em cada uma das salas nas quais funcionaram as oficinas temáticas ao longo da jornada.
O acolhimento dos participantes, logo pela manhã, foi realizado em plenário, numa sala muito ampla e com luz natural, espaço no qual era possível visitar algumas exposições organizadas por associações e outros coletivos organizadores do evento.
Ambiente e ecologia
As nuances nas abordagens ao tema da urgência climática e à necessidade de agir com coerência e firmeza no ataque às causas da desregulação ambiental em todo o planeta tiveram expressão nos intervenientes do painel de forma apesar de tudo significativa. No entanto, no essencial, não foi centralmente a diversidade de opinião que marcou a sessão, mas antes e principalmente a variedade de informação sobre o tema e a sua riqueza.
Encruzilhadas da Guerra
O tema era quase escaldante. Os protagonistas prometiam por razões diversas. Uma coisa era certa ia valer a pena ouvir. E confirmou-se plenamente. Para além das opiniões dos oradores, que trataram as encruzilhadas da guerra de forma complexa e a partir de ângulos muitos consistentes, as informações adicionais, na sua esmagadora maioria não referidas no debate público em curso a partir dos media instituídos, foram de uma qualidade fora do comum.
O debate que se seguiu às intervenções, ele também, enriqueceu a sessão no seu todo e como se afirmava, quando foi necessário parar por imperativos de programação, “isto ainda dava pano para mangas!” isto significava que se tivesse havido prolongamento ninguém teria arredado pé.
Refugiados de ontem e de hoje
A composição do painel era desde logo indicadora de diversidade. Um historiador, um responsável pelas políticas públicas e um dinamizador associativo, ele próprio com experiência de refugiado. Mas a diversidade das abordagens foi apenas um dos aspetos da dinâmica da sessão que ficou marcada pela profundidade com que todas as questões foram tratadas. Não se tratou apenas de números e de situações. Foram clarificados conceitos, metodologias de trabalho e sobretudo comportamentos humanos nos contextos dramáticos que foram mencionados. Sim, falou-se de sistemas, de políticas mas sobretudo de pessoas e essa foi uma marca desta oficina temática que surpreendeu pela participação dos presentes na sala.
Democracia e liberdade
Necessariamente a controvérsia iria instalar-se. E ainda bem porque a natureza e o sentido do Fórum tem essa figura na sua génese. E os percursos realizados pelos oradores foram muito erráticos e a avaliação dos mecanismos da representação e da participação dos cidadãos foram abordados até ao limite. A tensão de sempre entre liberdade e igualdade foi chamada à conversa e até os mecanismos de regulação da expressão das vozes na sociedade foram objeto de valorização ou, no seu oposto, de diabolização relativa por poderem ser instrumentos de controlo indesejado.
Para além dos debates
O Fórum contemplou um conjunto diversificado de atividades que ampliaram a lógica de participação de todos aqueles que se deslocaram à ES de Camões em Lisboa, com destaque para a presença dos livros e a realização de espetáculos. O Fórum serviu ainda para o reencontro de amigos e camaradas que aproveitaram para “por a escrita em dia” como se diz de forma popular. E foram muitos os amigos que se abraçaram logo no início da jornada e que introduziram no evento um sentido de solidariedade que todos reconhecem como essencial nos nossos tempos.
Fotos @ CR/Caixamedia