15 de Janeiro, 2025

Triste Fim de Policarpo Quaresma

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LIVROS SEM FRONTEIRAS | Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto

por Acir Fernandes Meireles

A coleção literária Penguin Classics foi recentemente lançada em Portugal com sete títulos. Pode-se dizer que a seleção inicial pecou pela falta de originalidade, afinal de contas é fácil encontrar edições de Os Maias, O Processo ou a Quinta dos Animais. Principalmente se lembrarmos que existem clássicos à espera de boas traduções, como Howards End, de E. M. Forster, ou Parade’s End de Ford Madox Ford. Mas, felizmente, nesse conjunto há uma exceção que é uma verdadeira pérola: a primeira edição nacional de Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.

A obra faz jus ao nome da coleção, pois trata-se de um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Foi publicada em 1911, nas páginas do Jornal do Commercio e editada como livro em 1915. O protagonista é Policarpo Quaresma, um funcionário público, patriota ao extremo, cuja inocência lembra o Calisto Elói de A Queda de um Anjo.

As suas sugestões nativistas, como, por exemplo, estabelecer o Tupi-Guarani como língua nacional, acabam por levá-lo ao internamento num hospital psiquiátrico. Mas, para além do nacionalismo, Policarpo é um homem de livros, o que não era necessariamente bem visto pela sociedade: 

Livros, é bom para os sábios

– Ele não era formado, para que meter-se em livros?

– É verdade, fez Florêncio.

– Isto de livros é bom para os sábios, para os doutores.

Enquanto Portugal vivia a euforia da República recém-proclamada, no Brasil Lima Barreto, através de Policarpo Quaresma, desiludia-se profundamente com o sistema republicano que veio à luz em 1889.

Uma introdução de Lilia Schwarcz

A presente edição traz ainda uma oferta adicional: uma introdução de Lilia Schwarcz, biógrafa de Lima Barreto.

Esperemos que a Penguin Classics siga o exemplo deste Triste Fim de Policarpo Quaresma e traga-nos mais títulos inéditos em terras lusitanas.

A escolha dos leitores e colaboradores | Acir Fernandes Meireles pedagogo e gestor de sistemas de educação e formação nos Açores. Embaixador EPALE – Plataforma Eletrónica para a Educação de Adultos na Europa 

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