Triste Fim de Policarpo Quaresma
LIVROS SEM FRONTEIRAS | Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto
por Acir Fernandes Meireles
A coleção literária Penguin Classics foi recentemente lançada em Portugal com sete títulos. Pode-se dizer que a seleção inicial pecou pela falta de originalidade, afinal de contas é fácil encontrar edições de Os Maias, O Processo ou a Quinta dos Animais. Principalmente se lembrarmos que existem clássicos à espera de boas traduções, como Howards End, de E. M. Forster, ou Parade’s End de Ford Madox Ford. Mas, felizmente, nesse conjunto há uma exceção que é uma verdadeira pérola: a primeira edição nacional de Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
A obra faz jus ao nome da coleção, pois trata-se de um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Foi publicada em 1911, nas páginas do Jornal do Commercio e editada como livro em 1915. O protagonista é Policarpo Quaresma, um funcionário público, patriota ao extremo, cuja inocência lembra o Calisto Elói de A Queda de um Anjo.
As suas sugestões nativistas, como, por exemplo, estabelecer o Tupi-Guarani como língua nacional, acabam por levá-lo ao internamento num hospital psiquiátrico. Mas, para além do nacionalismo, Policarpo é um homem de livros, o que não era necessariamente bem visto pela sociedade:
Livros, é bom para os sábios
– Ele não era formado, para que meter-se em livros?
– É verdade, fez Florêncio.
– Isto de livros é bom para os sábios, para os doutores.
Enquanto Portugal vivia a euforia da República recém-proclamada, no Brasil Lima Barreto, através de Policarpo Quaresma, desiludia-se profundamente com o sistema republicano que veio à luz em 1889.
Uma introdução de Lilia Schwarcz
A presente edição traz ainda uma oferta adicional: uma introdução de Lilia Schwarcz, biógrafa de Lima Barreto.
Esperemos que a Penguin Classics siga o exemplo deste Triste Fim de Policarpo Quaresma e traga-nos mais títulos inéditos em terras lusitanas.