15 de Janeiro, 2025

O MPPM presta especial homenagem às mulheres palestinas

anan-H.

75 anos sobre a Nakba — a limpeza étnica que acompanhou a criação do Estado de Israel

Hanan Awwad

No Dia Internacional da Mulher, o MPPM homenageia as mulheres que, em todo o mundo — em casa, nos campos, nas fábricas ou nos escritórios — lutam pela paz e pela liberdade, contra a opressão, a discriminação e a injustiça.

Neste ano de 2023, em que se assinalam 75 anos sobre a Nakba — a limpeza étnica que acompanhou a criação do Estado de Israel —, neste ano em que a repressão, a injustiça, o racismo e a segregação que vitimam o povo palestino não só continuam como se agravam, o MPPM presta especial homenagem às mulheres palestinas que, não obstante as duras condições, continuam a resistir, a trabalhar, a fazer viver a família, a educar os filhos.

Este ano de 2023 está a caminho de ser o mais mortífero para as palestinas e os palestinos que vivem na Cisjordânia. A brutalidade do exército de ocupação e dos colonos por ele protegidos não tem limites. Até ontem totalizavam 73 os palestinos mortos pelo ocupante, incluindo uma mulher idosa. 

Está ainda vivo na memória o pogrom de 26 de Fevereiro último, em que centenas de colonos desencadearam acções de uma violência inaudita contra os habitantes de Huwara e outras vilas e aldeias vizinhas de Nablus, matando, ferindo, destruindo e saqueando. (O termo pogrom, com as suas conotações históricas, foi também usado por oeganizações israelitas para descrever os acontecimentos de Huwara).

Precisamente em Nablus nasceu em 1917 e faleceu em 2003 a poeta Fadwa Tuqan. Como em muita da poesia das mulheres palestinas, o sentido da resistência e amor à pátria está presente neste poema de Tuqan:

Basta-me

Basta-me morrer na sua terra

Ser sepultada nela

Desfazer-me e desaparecer no seu solo

E depois renascer como um rebento de erva

Como uma flor na mão de uma criança que cresceu no meu país.

Basta-me permanecer

No amplexo do meu país

Como terra, rebento de erva e flor.

A ocupação materializa-se também na restrição da liberdade de mulheres, crianças e homens palestinos. Em 28 de Fevereiro passado, estavam detidas cerca de 4700 pessoas, incluindo 29 mulheres e 150 menores. Entre essas, estavam em detenção administrativa — a prática infame que permite a prisão sem julgamento ou culpa formada por períodos indefinidamente prorrogáveis —860 pessoas, das quais 7 menores e duas mulheres.

Outra poeta palestina, Hanan Awwad, nascida em Jerusalém em 1951, enaltece a admirável resistência do povo palestino:

Últimas palavras dos Mártires na Palestina

Não estejas triste. A noite deixou cair o seu pano,

A madrugada apertou o coração exprimindo tristeza.

Quando o sol desaparecer no horizonte, não fiques triste 

Porque a nossa alma está a transbordar de amor

E de desejo ardente.

Não chores, alegra-te pelo combatente

Que procurou a glória para a sua pátria.

Ó Jerusalém, símbolo de eternidade para um povo generoso,

Símbolo que perdurará até ao fim dos tempos.

Ó Jerusalém, a tua chaga é a nossa chaga,

Arma-te de paciência e consola-te.

O nosso mar e as nossas areias

Ergueram-se para abater os inimigos e a tirania.

Como poderíamos viver quando sangram as nossas feridas,

Quando a nossa terra permanece sequiosa e suportamos o martírio?

A morte, ou mesmo o inferno das grades das prisões,

É preferível a uma vida humilhante.

Não escrevemos poemas pela fama,

Pela riqueza ou por uma posição invejável.

Mas é o hino do coração que

Se confunde com o espírito do sacrifício ilimitado.

Juro pelos revolucionários, pela chaga

Que trazemos dentro de nós, pela terra, pelo homem;

Juro pelos homens livres, pelo amor que

Habita em nossos corações, pela luz e pelo fogo.

Juro que defenderemos a nossa pátria

Tal como ela nos ensinou.

Solidário com a luta das mulheres e dos homens palestinos, o MPPM continuará a pugnar pelo seu direito a viver em liberdade no seu Estado soberano e independente.

Lisboa, 8 de Março de 2023

A Direcção Nacional do MPPM

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