COMBATENTES DA LIBERDADE | Um abraço de gratidão ao obreiro do Posto da Pontinha
SEM FRONTEIRAS | 16 de novembro 2020 | Combatentes da Liberdade
O abraço da Associação 25 de Abril e de Vasco Lourenço ao Capitão de Abril Luis Macedo, recentemente falecido, não podia deixar de ser assinalado aqui, no SEM FRONTEIRAS, como um ato de amizade e de respeito, mas sobretudo de reconhecimento público pelo contributo decisivo que deu na conquista da liberdade. Também nós dizemos: obrigado
ABRAÇO DE ABRIL AO LUIS MACEDO
por Vasco Lourenço
É com imenso pesar e enorme dor que comunicamos o falecimento do nosso sócio fundador, Coronel Luís Ernesto Albuquerque Ferreira de Macedo.
A dor é maior, porque o Luís Macedo foi um dos principais Capitães de Abril, com relevante importância em todo o processo do 25 de Abril.
Na conspiração, constituiria – juntamente com dois grandes amigos seus, o Nuno Pinto Soares e o José Fernando Santos Coelho, para além de outros ilustres Capitães de Abril, como Vasco Gonçalves e Fisher Lopes Pires – um notável grupo da Engenharia do Exército, que se distinguiria no colectivo do Movimento dos Capitães, mola impulsionadora e agente fundamental da libertação de Portugal e dos portugueses.
Na operação militar Viragem Histórica, Luís Macedo foi bem o “braço direito”, o principal apoio, do Otelo. Se na concepção da Ordem de Operações foi de enorme importância, seria na obtenção e organização do espaço onde se instalou o Posto de Comando do MFA que o papel do Luís seria determinante. Foi ele que, na sua Unidade, o RE1, organizou, preparou e coordenou esse Posto na Pontinha, de onde o Otelo e a sua equipa dirigiram todas as operações.
A sua acção nas operações militares não se ficaria por aqui, pois o Luís Macedo teve ainda oportunidade de, quando o Salgueiro Maia pediu apoio, se dirigir à Praça do Comércio e aí colaborar com o que, de entre nós, se transformaria no ícone do 25 de Abril.
Depois, permanentemente integrado na luta pela consolidação de Abril, o Luís Macedo teve oportunidade para integrar o Conselho da Revolução (ele que já integrara a Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães), entre Março e Setembro de 1975. Dali o recordo como um importante elemento, com toda a sua força e juventude, ao serviço da Revolução Portuguesa.
Mais tarde, o Luís Macedo, como uma das vítimas da marginalização e perseguição que a estrutura político/militar promoveu, subtilmente, aos Capitães de Abril, retirar-se-ia da carreira militar e seguiria para Moçambique. O seu carácter, a sua ética, não lhe permitia pactuar com a incompetência, a hipocrisia e a cega ignorância. O Exército perdeu um dos seus melhores, o mundo civil ficou a ganhar, como em tantos outros casos.
O Luís Macedo, não o escondamos, é bem o exemplo de um valor que o Portugal de Abril não soube, não quis aproveitar, por revanchismo, para com os que haviam ousado ter a coragem de avançar para o derrube do fascismo, do colonialismo e para a abertura das portas à Liberdade e à Paz! Altamente competente, desaproveitado por Portugal, começando de baixo (resultado de uma resposta a um anúncio num jornal português), Luís Macedo viria a ser o responsável nessa região, (Moçambique, Angola e outros países da zona) por uma das maiores empresas mundiais da área da construção civil pesada (franco-americana), nomeadamente de pontes e estradas.
Regressado a Portugal, o Luís nunca cortaria os laços que criara com Moçambique e seria numa das muitas vezes que aí voltou que o COVID o atacou e venceu, após uma prolongada e dura luta.
Parte um dos melhores de nós, estamos de luto e bastante mais pobres! Portugal fica também mais pobre, ao perder um dos principais elementos do colectivo que lhe restituiu a Liberdade, a Paz e a Democracia.
Aos seus familiares, nomeadamente à sua mulher, aos seus filhos e à sua irmã, as nossas sentidas e profundas condolências e a nossa total solidariedade.
Ao Luís Macedo, grande Amigo que vejo partir, um fortíssimo abraço Amigo e de Abril
Vasco Lourenço