O Alentejo a viu nascer
COMBATENTES DA LIBERDADE | Manuel Branco
Chamava-se Catarina e o Alentejo a viu nascer…. foi com estas palavras que o Zeca Afonso ajudou a imortalizá-la.
Se ainda fosse viva teria feito 93 anos.
Nasceu em Baleizão no dia 13 de Fevereiro de 1928. Mulher decidida, solidária, de mãos calejadas pela foice. Com o seu rosto jovem já marcado pelo sol e pela dureza do trabalho das ceifeiras, Catarina não poupou esforços para apoiar a luta dos seus por aumento de salários.
Com 26 anos de idade e 3 filhos para sustentar, Catarina foi assassinada à frente das colegas de trabalho no Monte do Olival em Beja a 19 de Maio de 1954 por Carrajola um tenente da GNR, daqueles homens brutos de farda, feitos à pressa pelo regime fascista, sem outra coragem que não fosse dar ao gatilho. Que coragem !…..
É necessário testemunhar, lembrar tantas mulheres corajosas e não esquecer. Manter viva a chama de quantos passaram pelas prisões dos Pides, tantos quantos de lá não sairam de pé. E tantos assassinados nesses tempos de escuridão.
Desculpem voltar à carga mas é necessário dizer bem alto que destas venturas de quase meio século já chega.