AGENDA – Irene Pimentel na Tertúlia da Biblioteca de Alcântara
A influência dos refugiados da 2ª Guerra Mundial na vida e no desenvolvimento de Portugal
Dia 29 de maio, Carlos Campos Ventura acolhe Irene Pimentel na Biblioteca de Alcântara para mais uma Tertúlia de fim de tarde.
Irene Pimentel
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Já ouviram falar do ano 1938?
Portugal, país neutral durante a II Guerra Mundial, foi um dos raros portos de abrigo europeus para grande número de refugiados, em particular judeus, fugidos às perseguições políticas e anti-semitas do regime nacional-socialista alemão. Ironicamente, foi numa ditadura autoritária e nacionalista, com simpatias pelo anticomunismo e antiliberalismo do regime nazi alemão, que muitos refugiados, com costumes diferentes, comportamentos sociais e opiniões culturais e políticas diversas se relacionaram com os portugueses. A ausência de anti-semitismo na ideologia salazarista, o facto de o regime ditatorial português, apesar de ter semelhanças com o regime nazi, se ter diferenciado em aspectos essenciais do alemão, assim como as circunstâncias geopolíticas da neutralidade portuguesa acabaram por possibilitar a salvação através de Portugal de muitos dos perseguidos pelo nacional-socialismo. A sua entrada no país foi, porém, dificultada, particularmente pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), a sua presença apenas tolerada enquanto estadia temporária de trânsito e o exílio definitivo impedido, nomeadamente a partir de 1938, ano em que se assistiu na Alemanha a uma nova etapa de radicalização do anti-semitismo nazi. Foi então que o regime de Hitler enveredou pela “emigração”/expulsão de todos os judeus dos seus territórios, bem como pela “arianização” da sua propriedade, e que os países onde se poderiam refugiar, ainda antes do início da II Guerra Mundial, fecharam as suas fronteiras, o mesmo acontecendo em Portugal.