9 de Outubro, 2025

Deixem em paz quem vive do seu trabalho

VOZES DO DESCONTENTAMENTO – Preocupem-se com as verdadeiras ilegalidades, preocupem-se com os privilegiados

por Miguel Prata Roque, in Facebook

«A lenga-lenga de que os pobres e os que vivem do seu trabalho têm uma tendência congénita para aldrabar a elite que lhes permite alimentar-se de migalhas tem séculos.

Mas não se esperava que uma ministra verbalizasse este discurso classista.

Também há empresários que colocam despesas com almoços de 1.000 € nas despesas das empresas. Também há empregadores que colocam os carros topo de gama dos filhos em nome das suas empresas. Também há empreendedores que colocam as faturas da Makro na contabilidade das empresas. Tudo para pagarem menos (ou não pagarem) IRC.

Também há advogados que ficam com o dinheiro e o património de clientes.

Também há professores universitários que recebem mais por estarem (ficticiamente em exclusividade) enquanto são pagos por pareceres assinados por outros.

Aldrabar, todas/os são potencialmente capazes.

Mas querer esmagar direitos à alimentação, a horários flexíveis para estar com os filhos ou ao luto pelo aborto de um/a filho/o é mesmo sinal de preconceito de classe.

Só quem nunca trabalhou numa linha de atendimento telefónico, numa loja de um centro comercial, na caixa de um supermercado ou numa linha de montagem de uma fábrica, recebendo 870 € de salário é que não percebe que amamentar significa poupar 20 € de uma caixa de 800 g de leite em pó. Quem foi privilegiada/o a vida toda, nem percebe porque é que alguém amamenta para além dos 2 anos.

Mais. É irónico que seja um governo de privilegiadas/os, conluiado com Chega e IL, que ache que pode impor a sua percepção à vontade individual de cada uma das mães.

Era o que mais faltava que fosse uma ministra, um governo ou um partido a decidir quando é que uma mulher amamenta ou deixa de amamentar.

Preocupem-se com as verdadeiras ilegalidades. Com as moradias de luxo construídas em parques naturais. Com as piscinas e anexos adicionados a mansões. Com o levantamento de barreiras ao acesso às praias da Comporta e da Península de Troia. Preocupem-se com os privilegiados.

Deixem em paz quem vive do seu trabalho.

O mais vergonhoso é terem tentado fazer passar tudo isto, à socapa, durante as férias de verão, para que as pessoas não tivessem tempo de se aperceber e de reagir.

Façam-no às claras! Já que não tiveram a coragem e a decência de incluir esses ataques no Programa Eleitoral que apresentaram, venham debatê-los. Com tempo.

Cá continuarão os que sempre lutaram por quem vive do seu esforço e trabalho».

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