O Cine-Teatro Vale Formoso vai regressar
Aguardamos a reabertura para regressarmos
por Manuela Matos Monteiro
No mês em que se celebram 30 anos em que uma manifestação espontânea gritando “O Coliseu é nosso!” impediu a venda do edifício à IURD, fomos rever o Cine- Teatro Vale Formoso que foi comprado, em 1990, pela mesma igreja. Desde 2010 deixou de ser usado depois de ter sido construída a “catedral” na rua de Serpa Pinto. Entretanto, o Vale Formoso foi declarado património de interesse municipal sendo adquirido pela empresa UAU que o vai restaurar para o reabrir como sala de espetáculos em 2027. Numa iniciativa a envolver a cidade, a empresa abriu o edifício no dia 13 para que a população o pudesse ver e/ou rever antes de entrar em obras.
As MIRA Galerias organizaram o seu 5º Meetup Fotográfico para podermos registar para memória futura o Vale Formoso recuperado. Testemunhámos que os espaços se apresentaram bem conservados tendo a intervenção da igreja ficado por duas cruzes de luz no teto e um nicho/altar no palco.
Antes das 10 horas já havia fila para a visita e os três andares e o jardim foram invadidos por gente a captar imagens para memória futura e partilha de registos e memórias!
Vivi na Rua de Júlio Ramos em Paranhos e ia com os meus irmãos ao Vale Formoso. Na época, ir ao cinema era um luxo, uma extravagância. Era o tempo da Marisol e do Joselito que eram estrelas incontestáveis: órfãos, solidários, de origens pobres, cantavam como rouxinóis. Chorei muito com o rol das desgraças que viviam mas que superavam no fim da fita. Músicas como Campanera e Tombola embalavam-me rua abaixo projetando-me noutro mundo, o mundo da magia do cinema. Coisas de infância que revisito sem nostalgia, porque, a infância e a adolescência … são mesmo um filme!
Nesta visita, partilhámos estas experiências arcaicas nas nossas histórias de vida mas que se atualizaram com os filtros afetivos que acompanham as memórias da infância. Outras pessoas lembraram as sessões ao vivo da Rádio Festival ou de produções com “Jesus Cristo Superstar”. Aguardamos a reabertura para regressarmos!













Manuela Matos Monteiro
Fotos © Manuela Matos Monteiro