Manuela Magno quer ser a Presidente da Cidadania Ativa
Pré-candidata apresenta-se para servir o bem comum de forma independente
Com a desistência de António Sampaio da Nóvoa da corrida para as Presidenciais 2026, ele que à partida nem que fosse de forma simbólica atendendo à evolução das condições sócio-políticas no país transportaria um scrore de mais de um milhão de votos correspondendo a cerca de 23% da votação no ato eleitoral ocorrido em 2016, fica aberto um cenário para as candidaturas à esquerda do PSD mais complexo no que diz respeito às hipóteses de impedir a reedição de um marcelopopulismo, no Palácio de Belém, com novas roupagens.
Importa assim conhecer o que se oferece aos eleitores de esquerda neste quadro de relação de forças que continuará a evoluir nos próximos tempos. Começámos por visitar as propostas que valorizam de forma destacada as dinâmicas fundamentais da cidadania ativa, no caso a pré-candidatura de Manuela Magno que entrevistámos para o efeito. NSF-CVR Coordenação editorial
ENTREVISTA – Manuela Magno [MM]
Sobre a legitimidade política
NSF – A par da legitimidade formal [os direitos de cidadania] de uma candidatura à Presidência da República deve existir uma legitimidade política que se comprova pela ação realizada em favor das bandeiras agora invocadas para pedir votos aos cidadãos. Em que se baseia esta candidatura para ser naturalmente considerada com a legitimidade política necessária?
MM – A minha candidatura assenta na convicção de que o cargo de Presidente da República deve estar acima das divisões partidárias e ideológicas. Ao longo da minha vida pessoal e profissional, construí um percurso marcado pela defesa de valores como a verdade, a transparência, o humanismo, a participação cidadã e a busca de soluções práticas para problemas concretos, tendo como linhas orientadoras AÇÃO vs resignação, EMPATIA vs egotismo, PEDAGOGIA vs demagogia, REALISMO vs populismo e ALEGRIA vs amargura.
Fui delegada sindical no SNESup – Sindicato Nacional do Ensino Superior, onde promovi a luta pelo subsídio de desemprego para os professores do ensino superior politécnico e universitário — uma conquista que entrou em vigor em 2008.
Fui candidata independente, como cabeça de lista pelo Partido Humanista, às eleições europeias de 2009 e, no mesmo ano, cabeça de lista por Aveiro, às legislativas, pela coligação FEH – Frente Ecologia e Humanismo
Candidatei-me ainda às eleições presidenciais de 2006, onde consegui o apoio de 7 750 cidadãos (acórdão do Tribunal Constitucional), prova de que é possível um cidadão independente reunir as condições formais para concorrer ao mais alto cargo da República. A candidatura acabou por ser rejeitada porque algumas das proposituras não estavam agrafadas às respetivas certidões de eleitor. Foi uma experiência única de “afirmação de cidadania”, lema dessa candidatura. Foram quase dois anos de contacto direto e regular com a população, fazendo pedagogia política, algo que considero fundamental para aproximar a política das pessoas e as pessoas à política.
Em junho de 2024, aceitei o convite do Partido Volt Portugal para ser, como independente, sua mandatária nas eleições europeias. A seguir às eleições, juntei- me ao Volt Portugal, onde não integro qualquer órgão, e mantenho total independência política no âmbito desta pré-candidatura.
Trago a experiência diversificada de quem viveu, trabalhou e observou o mundo em diferentes contextos culturais, sociais e políticos. Essa vivência dá-me a legitimidade política que reclamo: não para representar interesses instalados, mas para servir o bem comum de forma independente.
Ensino Superior conquista subsídio de desemprego
FEH – Frente Ecologia e Humanismo


Experiências anteriores de disputa eleitoral
Sobre a “magistratura de influência”
NSF – As funções presidenciais estão bem delimitadas, mas o chamado campo de atuação da “magistratura de influência” permite uma abordagem relativamente ampla dessas funções. Qual é o estilo previsível de Manuela Magno nesse quadro de atuação institucional?
MM – Vejo a magistratura de influência como a capacidade de inspirar, mediar e aproximar. O meu estilo será o de ouvir antes de falar, agir com transparência e abrir espaço para que mais vozes sejam ouvidas. De acordo com o meu manifesto eleitoral quero usar essa influência para mobilizar o espírito cívico dos portugueses e promover debates sérios sobre as prioridades do país, mobilizar a sociedade para causas essenciais e garantir que a política se reconcilia com os cidadãos e os cidadãos com a política.
Não acredito em exercer influência pelo peso da autoridade, mas sim pela força do exemplo e pela coerência entre palavras e ações.
Serei a Presidente da Cidadania Ativa.
Sobre extrema-direita, Estado Social e belicismo
NSF – Existem três temas incontornáveis neste processo avaliação dos eleitores: a barreira à extrema-direita, a defesa do Estado Social e a oposição às políticas armamentistas e de belicismo crescente a nível internacional. O que se pode esperar de Manuela Magno nestas matérias?
MM – A chamada “barreira à extrema-direita” não se constrói apenas com discursos de rejeição. Faz-se sobretudo com políticas e práticas que previnam o descontentamento que alimenta as soluções fáceis, simplistas e autoritárias. É preciso ouvir as pessoas, reconhecer os seus problemas reais e agir com medidas concretas que promovam segurança económica, coesão social, justiça e igualdade de oportunidades.
Defendo um combate firme a todas as formas de extremismo que atentem contra os direitos humanos, a dignidade da pessoa e o Estado de direito democrático. Isso inclui rejeitar o discurso de ódio, o revisionismo histórico — ou seja, a manipulação deliberada do passado para justificar políticas autoritárias — e a exploração do medo como ferramenta política.
Considero o Estado Social uma conquista civilizacional que deve ser defendida e modernizada para responder aos desafios atuais. Isso implica garantir acesso universal e de qualidade à saúde, educação, proteção social e serviços públicos, promovendo a sua sustentabilidade a longo prazo.
O combate ao belicismo exige uma abordagem responsável e estratégica. Reconheço que Portugal, como membro da ONU, da NATO e da União Europeia, está vinculado a compromissos internacionais de defesa e segurança. No entanto, preconizo que qualquer decisão sobre investimento em armamento ou envolvimento em conflitos deve ser ponderada à luz de critérios claros: defesa do território e das populações, respeito pelo direito internacional e prioridade à diplomacia preventiva. A paz constrói-se não apenas com meios militares, mas sobretudo com diálogo, cooperação e políticas que reduzam as causas profundas dos conflitos.
Esta visão exige também que todos os cidadãos assumam plenamente os seus deveres, nomeadamente o dever de participação cívica e política. Participar não é apenas um direito: é um pilar da democracia. E essa participação deve ser feita com a confiança de que a sua intervenção será ouvida, considerada e terá impacto real.
A verdadeira barreira contra o extremismo, a erosão do Estado Social e o avanço da guerra é a construção de uma democracia viva — capaz de proteger os direitos, responder aos problemas e unir as pessoas em torno de um futuro partilhado.

Manuela Magno, um percurso pelo sindicalismo, o humanismo, a ecologia e o centro político pragmático.
Apoios e iniciativas
NSF – Quem são as pessoas e organizações que rodeiam a Manuela Magno, qual é o ponto de situação da pré-candidatura e que iniciativas estão previstas para os próximos tempos relacionadas com o esforço de concluir com sucesso a apresentação formal da candidatura?
MM – Depois da apresentação pública da intenção de me candidatar às Eleições Presidenciais de 2026 — feita simbolicamente no Porto, no dia 31 de janeiro deste ano — a minha pré-candidatura, que não depende de grupos económicos, políticos ou de outros grupos de pressão, conta com uma rede crescente de voluntários vindos de diferentes áreas e experiências, unidos pelo compromisso de construir uma Presidência livre e isenta.
Em julho, realizámos três tertúlias do ciclo Pôr a Pensar: Cidadania e Participação Política, onde apresentei o meu manifesto político; Cidadania e Deveres Cívicos, pelo jurista João Pedro Castro Mendes; e Cidadania e Saúde, pelo presidente da Associação Portuguesa de Contribuintes, Filipe Charters de Azevedo. Estas tertúlias são espaços de reflexão e debate que continuarão a partir de setembro, com outros convidados e sempre com a participação livre de quem estiver interessado.
Temos uma sede no centro de Lisboa (Praça Francisco Sá Carneiro, 12), inaugurada no dia 7 de maio, o site manuelamagno.pt, onde é possível encontrar informação sobre o meu projeto de cidadania ativa, subscrever a newsletter, tornar-se voluntário e saber como obter a Chave Móvel Digital – fundamental para se poder apoiar as candidaturas presidenciais através do Portal da Candidatura, disponibilizado pelo Ministério da Administração Interna.
Criámos a Associação Movimento Magno à Presidência 2026, que é o instrumento para dinamizar a angariação de fundos e organizar ações de rua — parte central desta caminhada.
Peço o apoio de, pelo menos, 7 500 cidadãos eleitores, certa de que ‘apoiar não é votar’, mas sim dar força a ideias que unem e motivam. Ǫueremos construir, juntos, uma candidatura independente, inclusiva e inovadora.
