Tak Susie! Copenhaga acolheu #ECOS
MUNDO | Seminário em Copenhaga
por Jorge Leitão
No dia 25 de Novembro na Casa da Europa em Copenhaga, com uma interessada audiência de aproximadamente 40 pessoas, realizou-se o seminário sob o tema Exilados Portugueses na Dinamarca, inserido no projeto europeu #ECOS – Exílios, contrariar o silêncio: memórias, objetos e narrativas de tempos incertos.
Tak Susie!
Para além do seminário, o evento teve também como objectivo o lançamento do livro “Tak Susie!”. Esta publicação, editada no âmbito do projecto #Ecos, reúne numa pequena colectânea vários testemunhos de desertores e de refugiados políticos portugueses, exilados na Dinamarca durante o período do fascismo e da guerra colonial. A par das narrativas dos portugueses constam textos de dinamarqueses que, na altura, solidarizaram-se com os portugueses refugiados no país e apoiavam activamente a luta de libertação dos povos sob o colonialismo português e a luta anti-fascista em Portugal.
Depois das boas vindas, dadas por Anne Mette Vestergaard, Chefe do Gabinete de Ligação do Parlamento Europeu na Dinamarca, e pelo embaixador de Portugal na Dinamarca, João Maria Cabral, seguiu-se uma apresentação do projecto #Ecos por Sónia Ferreira e das actividades do mesmo na Dinamarca, por Ana Rita Vera.
Resenha histórica do regime
A historiadora Irene Flunser Pimentel da Universidade Nova de Lisboa foi a oradora seguinte, apresentando o contexto histórico do exílio português. Tomando o Silêncio como a constante dos 48 anos do regime do Estado Novo, Irene Flunser Pimentel fez uma pequena resenha histórica do regime. Relembrou o surgimento da policia política e de outras formas de repressão e aprofundou o tema da obsessão persecutória anti-comunista. De seguida debruçou-se sobre os anos da guerra colonial e da resistência à mesma, que a par da emigração por motivos económicos, resultou no abandono do país por centenas de milhares de portugueses.
Debate e interação com o público
O ponto seguinte do programa foi um debate, moderado por Anne Mette Vestergaard. O painel foi composto por ex-desertores e, na altura refugiados políticos na Dinamarca. Também participou uma ex-activista dinamarquesa, solidária com a tomada de posição dos desertores portugueses e também empenhada na luta contra o colonialismo português e o fascismo em Portugal. As perguntas centraram-se nos motivos da deserção e da recusar em participar na guerra, na forma como saíram de Portugal, na chegada clandestina à Dinamarca, no acolhimento que tiveram e na importância que é atribuída à solidariedade dos dinamarqueses.
Distribuir as cargas na UE
A última intervenção que compôs o seminário foi a da historiadora e ex-membra do Parlamento Europeu Britta Thomsen. Fazendo uma análise da população que actualmente tenta emigrar para a Europa, Britta Thomsen faz uma distinção entre os “migrantes” e “refugiados”. Segundo ela, enquanto que os primeiros estabelecem-se em países do sul da Europa, o grupo “refugiados” aspiram a uma situação legal, residência e trabalho em países do norte da Europa. Considerando que existe uma assimetria relativamente à carga que os refugiados e migrantes provocam nos diferentes países na U.E., a oradora foi de opinião de que é necessária uma política mais solidária entre os países da União, que estabeleça um certo equilíbrio, distribuindo essa carga de forma mais equitativa.
O evento terminou com um pequeno beberete que deu ensejo a um ambiente de convívio e tornou-se uma ocasião para boas conversas entre os participantes.
Fotografias: © Europa-Parlamentet i Danmark, Carlos Neves, Jorge Leitão
Editado CR-Sem Fronteiras