9 de Dezembro, 2024

FLPC – Guerra e liberdade de expressão

Textos de motivação para o debate no FÓRUM (1)

Jacinto Rego de Almeida – Foto © Rui Lóio

Apresentamos o primeiro texto de motivação para o debate sobre a Guerra e a Liberdade de Expressão da autoria de Jacinto Rego de Almeida, debate que é esperado e desejado no Fórum Liberdade e Pensamento Crítico que está agendado para sábado dia 15 de julho no Liceu Camões em Lisboa. “Lamentavelmente, creio que nesta matéria não há esperança de um futuro melhor” adianta o autor em tom pessimista, mas das reflexões que poderão emergir durante o evento esperam-se perspectivas alternativas ou apenas complementares. CR | Sem Fronteiras

Guerra e liberdade de expressão

A guerra é parte integrante da História da humanidade. E a liberdade de expressão neste contexto, hoje intimamente associado à informação/desinformação, está na ordem do dia. Ambas se modernizam com o desenvolvimento da produção de armas e das estratégias militares e evidentemente também das formas de comunicação (a boca a boca dos primórdios, muito mais tarde a imprensa escrita, o rádio, o telefone, a televisão, a comunicação digital…). Uma avaliação sobre a vida e as guerras e seus milhões de mortos são os cemitérios nomeadamente militares. Enquanto fazemos subtrações ao olhar as lápides, 1944 menos 1910…estudei na História inúmeras guerras e acompanhei as mais recentes, a da França na Argélia e na Indochina, a dos E.U.A. e seus aliados no Vietname, a guerra colonial portuguesa, a da Bósnia, a da Federação Russa na Ucrânia que preenche diariamente a nossa informação noticiosa…vejo a consagração de heróis, visitei o memorial ao Desertor Desconhecido que homenageia os 400 mil desertores alemães entre 1939 e 1945, em Potsdam, centro do militarismo alemão na II Guerra Mundial. (Uma pequena história que se me suscita: o autor dos versos do hino nacional de Portugal, Henrique Mendonça – “contra os canhões marchar, marchar…” – nunca imaginou que o seu neto com o mesmo nome, meu camarada de curso na Escola Naval, iria viver grande parte da sua vida com prótese numa perna por ferimento de guerra na Guiné.)

Também acompanhei o elevadíssimo desenvolvimento económico na Alemanha e Japão após as suas derrotas em 1945, o crescimento económico crescente e a transformação em potência regional do Vietname após a sua vitória na guerra sobre o mais bem equipado exército do mundo.

Que futuro? É uma pergunta da nossa agenda de trabalho.

Lamentavelmente, creio que nesta matéria não há esperança de um futuro melhor, uma vez que a História se move em ciclos de guerra e a desinformação tornou-se uma indústria em expansão com muitas dificuldades de que possa ser regulada eficazmente pela comunidade internacional.

Mas vamos debater o assunto tendo também presente que fora da História tornar-nos-íamos fantasmas de lugar nenhum.

Jacinto Rego de Almeida    

Editor

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