22 de Janeiro, 2025

NSF-Livros 2024 [2], Filipe Carmo recomenda

3778a9a9-734b-4ecf-9ab3-0c463412ab83

Os Livros do Natal 2024

Recomendado por FILIPE CARMO

O livro é de Paul Mason e tem o título Pós-Capitalismo (versão com tradução portuguesa). Se a tua memória é melhor que a minha, poderás talvez lembrar-te de que eu já lhe fiz largas referências num dos meus textos sobre a globalização. Eu só li algumas partes do livro e estou desejoso de ler o resto (mas o problema é que tenho umas dezenas de livros em situações mais ou menos idênticas que nem sequer estão emprateleirados, mas estão espalhados aqui em casa pelo chão). 

O livro tem três partes: na primeira o autor debruça-se sobre crises económicas, dando mais atenção, parece-me, à do neoliberalismo; a segunda incide sobre a teoria do pós-capitalismo; a terceira tem a ver com a transição para tal pós-capitalismo.

O que me “excita” mais no que li (e vi referências em duas recensões feitas ao livro) é a incompatibilidade que o autor detecta entre os sistemas de mercado e a economia assente nos sistemas de informação. E qual o significado dessa incompatibilidade? O capitalismo já não estará a adaptar-se às alterações em curso, dado que a informação tende a dissolver os mercados e a destruir a propriedade privada. O problema é que o digital está a minar a capacidade dos mercados (a qual assenta na escassez) para fixar os preços de modo conveniente, dado que a informação é abundante e as redes sociais que a produzem podem constituir a base de um sistema que não é o dos mercados. Deves recordar-te do que ele dizia (e que eu transcrevi na altura, creio) sobre a Wikipedia em 2015 (evoluindo em  sistema colaborativo), tendo chegado a 28 milhões de páginas e 24 milhões de pessoas registadas como colaboradoras e editoras, etc , etc.  A Wikipedia  tinha na altura 208 empregados e as pessoas que a editavam faziam-no de borla. Gostavam da ideia de trabalhar a troco de nada e 63% delas acreditavam que a informação devia ser gratuita. De acordo com uma estimativa, se funcionasse como um site comercial, o rendimento anual dessa organização poderia ser de 2,8 mil milhões de dólares/ano. Assim, acreditava ainda, o facto de não gerar lucros tornava praticamente impossível que alguém os obtivesse na mesma área. Hoje, as redes sociais não podem ser caladas ou dispersadas pois, caso desligassem em épocas de crise o Facebook, o então designado Twitter e mesmo toda a Internet e a rede de telemóveis, paralisariam também a economia.

Bem, haverá certamente muito mais a dizer sobre estas questões (e muito mais terá dito o próprio Mason no seu livro e mais tarde, assim como alguns dos que o leram e outros), mas é por tudo isto que vale a pena que o livro seja mais lido.

Imagem de destaque , produzida AI

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.