OPINIÃO |Optimismo e pessimismo
SEM FRONTEIRAS | 31 de dezembro 2020 | Opinião
por Helder Costa, dramaturgo
É fascinante ver a alegria indisfarçável com que o analista (ou His master voice ) da Sic anuncia a inevitável bancarrota de Portugal (só faltam os Vampiros do Zeca).
E alegria, porquê? Porque essa gente sabe e cultiva más notícias – ou previsões, ou desejos -, para espalhar o pessimismo. E com essa carga negativa, surgem o medo, a descrença, e as pessoas estando mais inseguras, são mais manipuláveis.
Recentemente surgiram umas vozes amaldiçoando o anátema dito marxismo cultural. Pois, o Marx tem as costas largas, mas deixem o homem em paz. Se querem perceber um pouco da História do pensamento progressista, podem começar pelo Demócrito, o Filósofo que ri, Epicuro, O elogio da Loucura de Erasmo, Utopia de Thomas More, mais recentemente O nome da rosa de Umberto Ecco onde assassinatos num convento surgiam porque era preciso eliminar páginas que elogiavam a alegria num livro clássico…
Estas breves referências servem para referir o optimismo como arma de transformação social e cultural. Curiosamente, surgem várias frases que tentam travar essa reacção emocional… muito riso, pouco siso e são jovens, não pensam; o mais interessante é que esses comportamentos até têm a sua dose de verdade. E são mais frequentes nos jovens, mais afectivos, directos e de fácil indignação. E por isso, dispostos a arriscar nas lutas difíceis. Recordo os movimentos estudantis dos anos 60, surgiram quando se percebeu que o pessimismo tinha sido o caldo cultural alicerce do nosso fascismo de 48 anos. E a juventude dos Capitães de Abril, as várias lutas contra a guerra Colonial…
Fernando Pessoa escreveu se o coração pudesse pensar, parava. Felizmente , o coração está bem vivo para nos insuflar de optimismo, e também não se perde nada em pensar um bocadinho….
Termino com uma convicção: O Humor é a seiva do Revolucionário
Nota do Helder Costa: TEXTO ESCRITO HÀ 2 ANOS, que me parece infelizmente MUTO ACTUAL.