Uma caminhada pela Valência republicana

MOVIMENTOS E ASSOCIAÇÕES | Projeto europeu Total Peace – Quart de Poblet | Valência

Ainda no quadro do projeto Total Peace, no qual a AEP61-74 – Associação de Exilados Políticos Portugueses participa como parceira, no programa do encontro internacional ocorrido nos dias 7 e 8 de março de 2022 em Quart de Poblet e em Valência, foi organizada pelos anfitriões uma caminhada no centro da cidade que levou as delegações dos diversos países a contactar com os edifícios e os espaços mais representativos do período da República.

por José Augusto Martins

Na sequência da integração de dois ministros provindos da CNT anarquista García Oliver na Justiça e Federica Montseny na Saúde, o governo da República liderado Largo Caballero tomou a decisão de se trasladar em 1936 para Valência que se tornou o centro da resistência ao fascismo do exército de Franco e dos seus aliados alemães e italianos.

As delegações dos quatro países participantes no projeto europeu Total Peace em presença (os polacos não se deslocaram a Valência por se encontrarem em tarefas humanitárias relacionadas com o apoio à população ucraniana em fuga da guerra) realizaram um percurso pelas ruas do centro da cidade que as conduziu aos principais pontos de referência dessa época. Tratou-se principalmente de edifícios relevantes no âmbito das novas funções da cidade, sedes de partidos políticos e organizações sindicais ou refúgios anti aéreos de proteção contra os bombardeamentos feitos pela aviação italiana, designadamente:

Câmara Municipal (Ajuntament) onde funcionava o Parlamento da República (Cortes) que se mudou na sequência dos bombardeamentos (ainda mostra impactos de balas) para a Lonja de la Seda (o de Mercaderes)

Palácio Benicarló dos Borgias, ocupado pelo Governo

Palácio dos condes de Berbedel hoje Museu da Cidade ocupado pelo Ministério da Saúde de Federica Montseny

Calle de la Paz onde se situavam sedes sindicais da CNT, UGT, partidos e grupos políticos como FAI, PSOE.

O aviso de alarme antes dos bombardeamentos fazia-se através de uma rede de sirenes antiaéreas cuja primeira a soar estava situada no alto da torre campanário da Catedral, conhecido popularmente como Micalet (Miguelete), que alertava das incursões da aviação legionária italiana procedente de Maiorca, orientando a população para se proteger em vários edifícios cujas caves funcionavam como abrigos anti aéreos.