Porto abraça Tino em noite de utopias, de livros e música

LIVROS & MÚSICA | Tino Flores – Uma utopia bela e generosa

A ampla sala da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto foi pequena para tanta gente. Foram muitos os que responderam à chamada de Paulo Esperança da AJA Norte e de Mário Correia da Sons da Terra para passar uma noite de conversa e música organizada em torno da apresentação do livro Tino Flores, uma utopia bela e generosa.

A sessão decorreu com sala cheia e com um enorme calor humano a marcar um ambiente de reencontros e de conversas paralelas, nas salas e nos corredores.

Para alguns e algumas tratou-se de rever ou de reencontrar conhecidos e até amigos cujo primeiro contacto terá ocorrido há mais de 50 anos em circunstâncias por vezes rocambolescas.

Mário Correia, autor do livro, apresentou o seu trabalho de vários anos de recolha e de organização de documentos e de imagens que ilustram os momentos centrais da história de vida publicada. Um trabalho paciente e meticuloso que acabou por dar lugar a uma publicação de 224 páginas que o próprio autor considerou insuficientes.

Foto da capa do livro © Carlos Ribeiro / Caixa de Mitos

Na mesa de apresentação da obra Paulo Esperança da Associação José Afonso – Núcleo Norte realizou um enquadramento institucional da iniciativa, referiu o apoio da própria AJA Norte e da AEP61/74 – Associação de Exilados Políticos Portugueses e salientou o significado para ele da relação com Tino Flores que só conheceu depois do 25 de Abril em Portugal.

Mário Correia relatou de forma sintética o processo que permitiu agrupar toda a informação que obteve, por várias vias, ao longo de anos a fio.

Manuel Branco de Grenoble destacou o período de adaptação do jovem recém-chegado a uma terra com muita experiência de acolhimento de emigrantes mas também de desertores e exilados políticos e fez questão de salientar a relação do cantautor com a ação militante que desenvolveu durante anos tendo depois partido para Paris onde encontrou Hélder Costa o atual dramaturgo da A Barraca e naquele período organizador do Teatro Operário.

No entendimento de Branco esta dupla Flores-Costa terá reinventado a forma de fazer política, com alegria e outros fatores de motivação, tendo criado um movimento que acabou por influenciar de forma alargada muitos militantes e resistentes antifascistas.

No final da sessão houve algum debate e participantes como Hélder Costa e Fernando Cardeira tomaram a palavra para testemunhar experiências vividas com Tino Flores antes e depois do 25 de Abril.

Canto livre

No final da sessão Ana Silva, Paulo Rodrigues e o próprio Tino Flores interpretaram os temas com maior notoriedade do cantautor cujo título mais emblemático é o “Viva a liberdade!” e o mais popular “Ó Senhora Guida”.

Ó SENHORA GUIDA