Autores e narradores querem servir a causa da transformação política e social do país

ESPECIAL SF | IIº Encontro de Narradores – Autores | 8 de junho 2022 | Museu do Aljube Resistência Liberdade
Os primeiros a chegar tiveram que reformular a tradicional opção de posicionamento na sala dos eventos, ou mais à frente porque se vê e ouve melhor ou mais atrás porque se quer ver “no que isto vai dar”. O pressuposto é que quem chega um pouco mais tarde ocupe os lugares do meio, muitas vezes indesejados por idênticas razões às dos primeiros ou até às dos segundos. Ali, não havia nem à frente, nem atrás, nem ao meio. A lógica de conversa e de tertúlia estava instalada a partir da desestabilizarão das convenções e da não-hierarquização da tomada da palavra.


Abraço
O primeiro abraço, de muitos outros que foram sendo dados ao longo da tarde, foi para o Hélder. Sim para o Hélder Costa. Um abraço simples, informando apenas que ele está bem. A tratar-se, a recuperar. Foi, de alguma forma, um abraço a todos aqueles que escrevem com audácia, com humor, com sentido profundo, com desejo de contribuir na transformação social. Afinal de contas escrever para teatro tem sempre a conotação desafiadora de escrever sobre a condição humana.Mencionando o Hélder estávamos, de alguma forma, a anunciar ao que vínhamos, neste Encontro quase informal.
Segundo Encontro
Foi em plena pandemia, em abril de 2021, que realizámos um primeiro encontro, a distância via Zoom, com a participação de narradores e autores de vários países (Itália, Espanha, Países Baixos, Polónia, República Checa e Dinamarca).
Na primeira iniciativa o objetivo consistiu apenas em criar condições para a troca de experiências e o debate foi realizado em sessões plenárias alternadas com o encontro em pequenos grupos temáticos. Ana Aranha e Carlos Ademar forneceram à sessão elementos inspiradores a partir da produção de conteúdos que realizaram ,com destaque para a publicação do livro Memórias do Exílio.
Ir mais longe
A realização, antes da apresentação do livro Exílios SemFronteiras – Exílios.3, do IIº Encontro de Narradores – Autores não foi por acaso. Colocar um livro entre livros, entre escritas, entre olhares sobre o exílio político e militante, foi essa a intenção principal. Não circunscrever o debate, a reflexão, a sistematização das experiências a um mosaico específico de narrativas, mas antes partir dessa nova abordagem editorial para ir mais longe: passar para um patamar no qual se combinam, de forma mais audaz, as memórias individuais e coletivas.


PROGRAMA DA PARTE I
Como escrever sobre as memórias?
I – SENTIDO GERAL
- Introduzir sentido crítico. Passar da fase da valorização incondicional para a relativização. Introduzir as dúvidas, as interrogações, as perplexidades.
- Cuidar das linguagens. Abraçar novos públicos.
- Encontrar novas plataformas de publicação. Escrita com jovens autores, alunos/estudantes
- Encontrar novas plataformas de cooperação na ação. Apresentações coletivas, contar histórias em bibliotecas e nos eventos locais…
II – QUATRO ETAPAS ETAPAS | QUATRO RODAS DE CONVERSA
1 – ESCREVER PARA PARA QUÊ?
- Para DAR CONTINUIDADE a convicções do passado / valorizar
- Para REGISTAR, inscrever nos acontecimentos / perspetiva histórica
- Para o LEGADO pessoal / familiar
Deram o seu contributo no lançamento do tema e do debate José Pinto de Sá | Helena Pato e Guadalupe Portelinha



2 – ABORDAGENS REFLEXIVAS E COLABORATIVAS DA PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS
- O caso do EXÍLIOS NO FEMININO
- Uma produção coconstruída e negociada da relação INDIVIDUAL/COLETIVO
Deram o seu contributo no lançamento do tema e do debate Beatriz Abrantes, Fernanda Marques, Helena Cabeçadas




3 – EXPLORAR OUTROS TEXTOS NARRATIVOS
- O conto
- A crónica
- O romance
Deram o seu contributo no lançamento do tema e do debate António Aires Rodrigues, Jorge Araújo e Nelson Anjos.

4 – A AUTO-ORGANIZAÇÃO
- O arquivo pessoal | António João Freitas
- A Sociedade Portuguesa de Autores | Benjamin Monteiro
- A relação com o Editor / livreiro | José Ribeiro


PROGRAMA DA PARTE DOIS
Livros que circulam
Autores apresentam livros e debatem com os leitores os pontos de partida, os percursos, as dificuldades e as potencialidades. Apresentam a sua visão da escrita e do seu impacto na sociedade.







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