EXÍLIOS NO FEMININO – Afinal que livro é este?
Opiniões, protagonistas e roteiro das apresentações públicas (5) | COIMBRA
O que diz Dina Soeiro?
Departamento de Educação, Desporto e Intervenção Social. Docente das Licenciaturas em Animação Socioeducativa, Gerontologia Social, dos Mestrados em Educação de Adultos e Desenvolvimento Local, Gerontologia Social. Coordenadora do Projeto Letras Prá Vida. Membro do Núcleo de Investigação em Ciências Sociais e Humanas (NICSH), integrado no Centro de Desenvolvimento do Potencial Humano do Instituto de Investigação Aplicada (i2a) do Politécnico de Coimbra. Membro da Comissão Directiva da Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente. Executive Board Member da European Association for the Education of Adults
Um livro que a minha filha tinha de ler
Quando o livro chegou pelo correio cheirava a livro novo e a liberdade, os pássaros a voar sobre as ondas, no desenho da capa lindíssima, o sub-título que prometia: “sete percursos de luta e de esperança”. Logo me perguntei: quem são estas mulheres, que histórias nos contam, o que podemos aprender com as suas lutas e as formas como as travaram e travam, que esperança nos oferecem para hoje e para o futuro?
As fotografias, as frases, os títulos de cada parte, tudo me tornou urgente a sua leitura atenta.
Percebi que era muito mais do que um livro sobre os exílios femininos no passado. As histórias únicas de cada uma das mulheres que, afinal, partilham tanto, falam-nos do passado, claro, mas também do presente, da necessidade da luta permanente, do pensamento e ação crítica das mulheres na sociedade e do futuro, porque os direitos não estão garantidos e a transformação social precisa-se. No presente está também o processo de co-construção do “mosaico”, com a riqueza das memórias, das pessoas, das vidas. Metodologicamente muito interessante para as e os estudantes de animação socioeducativa, gerontologia social e educação de adultos com quem eu trabalho. Levei logo o livro para as aulas. Não resisti a adiantar-me, a ler com elas e eles excertos, e, simultaneamente, a convidá-las/os a irem à apresentação. Estavam lá, participaram, ainda que timidamente, mas percebi, no espaço de confiança da aula seguinte, que tinha sido uma oportunidade significativa de aprendizagem e reflexão crítica.
Perguntaram-me o que achava do livro e eu respondi que era um livro que a minha filha tinha de ler, as amigas e os amigos dela, as e os ‘meus’ estudantes, toda a gente.
Estive a discutí-lo à mesa de domingo com a minha mãe, que é da idade de algumas destas mulheres, o meu pai, dirigente associativo da Liga dos Combatentes, e a minha filha adolescente cheia de curiosidade e muitas opiniões..
Nas oficinas de alfabetização do Projeto Letras Prá Vida lá estava ele sobre a mesa, para comemorar abril, para ser explorado, discutido, partilhado, lido para ‘lermos o Mundo’.
É um livro humanista, político, pedagógico, educativo, no qual as vozes destas mulheres fortes e corajosas, que viveram vulnerabilidades, inseguranças, mil aventuras, ‘saem do silêncio’ e cantam a liberdade.
Por isso me fez sentido imediato o convite ao Coro das Mulheres da Fábrica para se juntarem a estas vozes, naquela tarde maravilhosa.
O livro e a sua apresentação foi só o início, temos de continuar a partilhar as ‘histórias prá Vida’, precisam ser lidas, contadas, cantadas… tanto que temos a aprender.
Vídeo | Imagens da sessão
Fotos e Vídeo de Carlos Ribeiro/Caixamédia