15 de Setembro, 2024

Livraria Bertrand em Lisboa

LIVROS – Ali já se vendem livros há quase 300 anos, desde 1732

No centro de Lisboa, em pleno Chiado, ergue-se a mais antiga livraria do mundo, a Bertrand. O facto não podia ser mais curioso, mas a verdade é que ali já se vendem livros há quase 300 anos, desde 1732, quando Pedro Faure abriu portas.

Livraria Bertrand, no Chiado em Lisboa

Na década de 50, Faure casaria a filha com Pierre Bertrand e com ele viria o irmão, Jean Joseph, dando-se então início à dinastia Bertrand. O final do século assistiria à morte dos dois irmãos e à ascensão das mulheres na governação daquele espaço — Maria Bertrand e mais tarde a nora tomaram a liderança do destino da livraria.

Com o desaparecimento do último Bertrand, José Fontana, o livreiro da casa, assumiria a posição, lançando as famosas Conferências do Casino em parceria com Antero de Quental, mas em 1876, tuberculoso e desiludido com a vida política, suicidar-se-ia no armazém da livraria, exactamente onde hoje se encontra o café. A Bertrand prevaleceria no entanto, conduzida por Nobre França, José Bastos, os Aillaud e finalmente Artur Brandão.

A Bertrand tornou-se ponto de passagem obrigatório da elite intelectual das diferentes épocas — por ali passaram Bocage, Curvo Semedo e Alexandre Herculano. Eça de Queiroz, Antero de Quental e Ramalho Ortigão fariam deste espaço um centro de encontro e de tertúlia, formando a famosa Geração de 70, que ali debatia política e literatura.

Outra peça que faz parte da história da livraria é o Almanaque Bertrand, publicado anualmente entre 1899 e 1969. A publicação é um compilado de efemérides, poemas, caricaturas, passatempos, contos, adivinhações, entre outros. O Almanaque Bertrand voltou a circular em 2011, mesmo ano em que a livraria foi considerada a mais antiga do mundo.

O mais curioso nesta livraria é que, além de constituir um refúgio para a criatividade e genialidade da elite intelectual portuguesa, faz ela própria parte da história nacional e até europeia/mundial, tendo assistido ao Terramoto de 1755, à guerra civil, ao regicídio, à implantação da república e à unificação da Europa.

Em Lisboa Antiga – Transcrição do Facebook

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