8 de Outubro, 2024

Os censores do passado a levantar cabelo

Associações e figuras públicas exigem ações concretas para travar os neofascistas

São claros nos seus objetivos reacionários e não têm medo do ridículo quando fazem afirmações sobre civilizações “A nossa luta é do Bem contra o Mal, dos valores Cristãos Ocidentais, que fazem da civilização europeia a mais evoluída e avançada do mundo, contra a seita do Anticristo”, mas são perigosos, Cheiram a Ku Klux Klan quando exprimem a ideia-força da supremacia cristã.

A denúncia das entidades e pessoas do mundo do livro e da cultura foi divulgada no site da Acesso Cultura.

Imagem Baobá Livraria [subscritora da carta às ministras]

“Editoras, livrarias e associações voltam a escrever às ministras da Administração Interna, da Justiça e da Cultura

Elementos da Habeas Corpus voltam a causar distúrbios durante a apresentação de um livro. E, mais uma vez, a polícia retira do local não quem causa os distúrbios, mas a autora do livro.

Entretanto, o comunicado “Pela liberdade de escrever, de publicar, de ler” reúne mais de 2100 subscrições – entre elas, o ex-Ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes e o ex-Secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier; o Pen Clube Português – Associação de Escritores, jornalistas e tradutores; a Fundação José Saramago; a actriz Beatriz Batarda, a autora Ana Markl, a editora e escritora Maria do Rosário Pedreira (actualizações aqui).

O novo email enviado às ministras:

Exma. Senhora Ministra da Administração Interna,
Margarida Blasco

Exma. Senhora Ministra da Justiça,
Rita Alarcão Júdice

cc: Exma Senhora Ministra da Cultura,
Dalila Rodrigues

É com profunda preocupação e indignação que voltámos a assistir a um ataque de elementos da Habeas Corpus a uma escritora. Desta vez, foi durante a apresentação do livro de Ana Rita Almeida “Mãe, quero ser menino” na Feira Raiana em Idanha-a Nova. E, mais uma vez, tal como tinha acontecido na FNAC Norteshopping durante a apresentação do livro de Mariana Jones “O Avô Rui”, a polícia optou por retirar da sala não quem causou os distúrbios, mas sim a autora.

O comunicado “Pela liberdade de escrever, de publicar, de ler”  – que vos foi enviado a 8 de Julho de 2024 e cuja recepção apenas foi acusada pelo Gabinete da Ministra da Justiça – tem sido subscrito até agora por mais de 2100 pessoas. Pessoas muito diversas, mas que têm em comum o amor à liberdade e o sentido de responsabilidade na defesa diária da Democracia e do Estado de Direito.

Não entendemos como é que num Estado de Direito, num Estado Democrático:

  • Elementos já conhecidos das autoridades continuam a poder causar distúrbios, a interromper ou mesmo a cancelar eventos públicos, condicionando a liberdade de quem os organiza e de quem neles quer participar.
  • A opção da polícia é retirar do local não quem causa os distúrbios, mas sim, as autoras dos livros.
  • É permitido a esses mesmos elementos invadirem e desrespeitarem a privacidade das autoras, sem intervenção da polícia, porque não existe (ainda?) uma ameaça. O crime de perseguição não é punido em Portugal?

Num recente artigo, intitulado “Travar a censura antes que ela nos trave a nós”, a jornalista Ana Tulha escreveu que “Isso deveria tirar-nos o sono a todos.”  Nós – editoras, livrarias, associações, cidadãs e cidadãos – reiteramos a nossa posição que devemos defender a “efetivação dos direitos sociais e culturais” à expressão e à “liberdade de pensamento”, “de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações”. Estes direitos, consagrados na Constituição da República Portuguesa, assim como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, “não podem ser impedidos ou limitados por qualquer tipo ou forma de censura”.

Acesso Cultura
Rita Pires dos Santos, Presidente da Direcção

BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação
Ana Alves Pereira – Presidente do Conselho Nacional | 2024-2026

BAOBÁ livraria
Ana Rita Fernandes, livreira

Cordel d´ Prata
Luis Rodrigues, sócio-gerente

Faz de Conto Livraria
Sofia Correia, Livreira e Fundadora

Fonte de Letras
Helena Girão Santos, Sócia-gerente

GATAfunho, editora e livraria independentes
Ana Paula Faria e Inês Araújo, Sócias-gerentes

Grupo Leya | Publicações Dom Quixote
Pedro Sobral, Administrador executivo

Kalandraka Editora Portugal
Margarida Noronha, Directora Editorial

Livraria Culsete
Rita Siborro, Gestão e Curadoria

Livraria da Travessa
Rui Campos, Livreiro Fundador

Livraria Snob
Duarte Pereira, Sócio-gerente

Livraria Tigre de Papel
Bernardino Aranda, Gerente

Orfeu Negro editora
Carla Oliveira, Editora e Sócia-Gerente

Papa Livros
Adélia Carvalho, Editora

Penguin Random House Grupo Editorial – Portugal
Clara Capitão, Directora editorial e co-directora geral

Planeta Tangerina
Isabel Minhós Martins, Autora e Editora

ReLI – Rede de Livrarias Independentes
Sofia Afonso (livraria Centésima Página), Presidente

Salta Folhinhas – livraria infantil
Teresa Cunha

Térmita
Hugo Brito, Livreiro”

Fonte, Acesso Cultura

Editor

1 thought on “Os censores do passado a levantar cabelo

  1. Caros amigos,
    Independentemente da opinião que possa ter sobre esta matéria manifesto a minha estranheza ( e talvez ignorância) por ver citado o nome de um ex-Secretário de Estado da Cultura como subscritor deste manifesto.
    Ou alguém está muito esquecido ou eu estou muito mal informado.
    Gostaria de ser esclarecido do acordo deste movimento para aceitar essa subscrição (sem rejeitar o direito que cada um tem em corrigir erros do passado)
    Cumprimentos,

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