30 de Outubro, 2025

Reinventar a esquerda e a sua ação política é urgente

Falta à esquerda portuguesa energia e discernimento

DOSSIÊ NSF AUTÁRQUICAS 2025 [12]

por Luís Mesquita

Notas sobre as eleições autárquicas de 12 de Outubro. 

1. A esquerda não disputou verdadeiramente as duas principais cidades do país. No Porto, a candidatura de Pizarro ficou menos de 2 mil votos atrás da candidatura de unidade de todos os partidos de direita liderada por Pedro Duarte. A CDU, o BE, o Livre, o PAN concorreram sozinhos. Os votos de qualquer um deles seria suficiente para retirar à direita a presidência da Câmara, 24 anos depois!! Em Lisboa, Alexandra Leitão ficou 20 mil votos atrás de Moedas. A CDU concorreu sozinha. Os votos da CDU seriam suficientes para derrotar Moedas. João Ferreira poderia ser nesta altura o Vice-Presidente da CML, proposta que recusou. 

2. A esquerda portuguesa atravessa um período de enorme desorientação. Ninguém percebe a estratégia dos diferentes partidos. Num quadro muito difícil de despolitização e de manipulação do eleitorado, particularmente dos jovens, falta à esquerda portuguesa energia e discernimento. Desperdiça oportunidades de forma inacreditável como estas duas de entregar Porto e Lisboa à direita. Objetivamente, a esquerda portuguesa fez exatamente o que convinha à direita nas duas cidades. Se a CDU se juntasse à candidatura de unidade de esquerda em Lisboa, como já fez noutras ocasiões, Moedas não seria hoje Presidente da Câmara. Era preciso que a CDU não se juntasse para Moedas poder voltar a ganhar. E foi exatamente isso que se fez, foi esse o serviço que lhes prestamos. E no Porto, escandalosamente, nenhum dos partidos de esquerda se poderia juntar à candidatura socialista, para Pedro Duarte, como Rui Rio há 24 anos, cantar vitória sem saber muito bem como! E foi exatamente isso que fizemos! 

3. Qual é a credibilidade desta esquerda? Que confiança dá aos cidadãos e aos eleitores? Que utilidade tem como instrumento de disputa e de exercício do poder? E quem são os iluminados nas direções dos diferentes partidos que definem tais estratégias absurdas e contrárias ao interesse público e particularmente aos interesses dos mais desfavorecidos que supostamente representam? Eis a encruzilhada em que nos encontramos! Uma coisa é certa: este não é o caminho! Reinventar a esquerda e a sua ação política é urgente. Parafraseando o poeta, podemos não saber para onde vamos mas sabemos que não é por aqui! 

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