O modelo escolar dominante promove a exclusão
Importa dar uma segunda oportunidade a todos, sem exceção, a começar pelos agentes do próprio sistema educativo
EDUCAÇÃO DE SEGUNDA OPORTUNIDADE – Congresso Internacional do Porto [1]
O 2º Congresso da Educação de Segunda Oportunidade realizado na FPCEUP no Porto na passada sexta-feira dia 31 de outubro acabou por assumir um caráter político e reivindicativo que orientou o evento para uma dimensão bem mais profunda e significativa que a mera celebração dos 20 anos de existência e funcionamento da Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos e dos 30 anos das iniciativas do mesmo subsistema de educação na Europa.
Intervenções diversas, como as de António Nóvoa, João Costa, Joaquim Azevedo, Licínio Lima, Rui Marques Luís Rothes e Alberto Melo, colocaram a questão da tolerância zero em relação ao abandono escolar precoce que Joaquim Azevedo classificou de forma acutilante e clarificadora como “marginalização escolar que resulta de um modelo dominante que não é inclusivo”. Esta intenção de proclamar guerra aos sistemas escolares que promovem intrinsecamente a exclusão não é principalmente retórica, ela assenta em experiências concretas que surgem nos dias de hoje como marginais, os casos das Escolas de Segunda Oportunidade e do Arco Maior, e que se tornam referência de outra maneira de aprender e ensinar.
Se há um sistema educativo que não consegue incluir 20% dos jovens alunos que o frequentam, estes acabam por abandonar precocemente a escola sem qualquer preparação para a vida social e profissional, o problema estará no funcionamento do sistema e não nos jovens que não reconhecem a oferta escolar como adequada às suas necessidades e às suas expectativas educativas.
O 2º Congresso da Educação de Segunda Oportunidade lavrou, de uma forma informal, um Manifesto de rutura para o subsistema atribuindo-lhe uma missão estratégica de contaminação continuada do sistema escolar dominante para o colocar em tensão atendendo aos resultados globais que atinge e face ao impacto negativo dos seus outputs na coesão social e no desenvolvimento social do país.
Construir uma alternativa não apenas para dar consistência aos modelos baseados nas pedagogias de proximidade e nos princípios fundamentais de estar com e para os alunos mas também para se constituir como referência ativa de um modelo inclusivo que favorece o desenvolvimento em detrimento da competitividade e da fragmentação social.
Assim, os modelos valorizados no 2º Congresso emergiram como um sinal de esperança, não apenas para a Educação de Segunda Oportunidade, mas para toda a educação em Portugal que bem precisa de ser repensada e transformada.

Anfiteatro da FPCEUP, Porto, 2º Congresso da Educação de Segunda Oportunidade – ©CVR-NSF . DR
Imagem de destaque © CVR-NSF