EUA | O assalto ao Capitólio é um aviso à navegação
SEM FRONTEIRAS | 7 de janeiro de 2021 | Info-Agenda
O que aconteceu ontem 6 de janeiro de 2021 no Capitólio em Washington D.C. nos Estados Unidos da América constitui um aviso muito sério sobre a natureza e a gravidade dos embates com a extrema-direita no mundo e, necessariamente, também em Portugal.
Afirmámos desde o início do projeto de comunicação colaborativa que o SEM FRONTEIRAS representa que a nossa prioridade é juntar vozes e ações contra esse inimigo comum, a par da nossa atuação convergente em torno das memórias sociais vivas.
Reproduzimos aqui em registo meramente circunstancial e limitado aos nossos acessos muito espontâneos de algumas reações e afirmações sobre os acontecimentos do “Assalto ao Capitólio” liderado nos camarins da Casa Branca por Donald Trump.
Alertas e reações
Aprender
por Irene Pimentel
“Aprendamos com o que se passa em Washington, pois também cá temos um Trump caseiro” citado por Irene Pimentel no facebook
O rosto do populismo
por Rui Bebiano
Temos um panorama razoavelmente claro da base social do populismo quando observamos as imagens que mostram a espécie de pessoas que se apresentou ontem no Capitólio para boicotar a certificação da eleição presidencial de Joe Biden. E que, por certo, se lhes tivesse sido permitido – a notória e escandalosa moderação da polícia não foi tão longe -, não teria problemas em linchar membros do Congresso e jornalistas. Olhamos aqueles rostos, a forma de vestir, de gesticular e até de caminhar daqueles indivíduos, maioritariamente homens, alguns com roupas ou acessórios militares, vemos o sentimento de impunidade e a satisfação triunfante que visivelmente exibiam, e damos de caras com o rosto da ignorância e da frustração social transportados na América por uma importante fração de deserdados «brancos».
De facto, não se viam políticos com alguma notoriedade, nem pessoas comuns com um aspeto mais ou menos estruturado e de quem percebe o alcance do que está a fazer, nem negros, entre aquela mole ululante de escória humana, mas apenas gente fanatizada, que encontra nas atitudes e nas palavras de Donald Trump a representação possível dos seus desejos mais primários, antidemocráticos, violentos e segregacionistas. Como se ele fosse um deles, a sua bandeira, a sua única hipótese de se imaginarem a partilhar um poder com o qual, de facto, não saberiam sequer o que fazer. É destas pessoas sem identidade política e, na verdade, sem ambições para além da satisfação de desejos primários, é desta escumalha humana manipulável, que o monstro do populismo se alimenta. Por isso, lá como cá, ele é tão mobilizador e tão perigoso.
Publicado por Rui Bebiano no blogue “A terceira Noite”, publicado originalmente no Facebook
This is America!
por José Carlos Mota
Uma imagem inacreditável. Apoiantes de DT entram no edifício do Capitólio sem qualquer oposição da polícia em protesto contra o resultado das eleições presidenciais. Os senadores estão a ser evacuados, perante atos de violência. Entretanto, um dos ocupantes tira uma selfie com um polícia sorridente. Mais tarde, a polícia de intervenção ajuda uma senhora ocupante a descer as escadas pela mão. Depois deste incidente, vislumbra-se uma enorme crise no cinema norte-americano. Tão cedo será difícil a ficção voltar a ultrapassar a realidade.
Deploráveis
por Hélder Costa
Afinal, a Hillaty tinha razão, eram mesmo deploráveis e foi por isso que o Trump ganhou. Não foi por causa da vida miserável, do desemprego, do sentimento de abandono, como disseram vários analistas. Essa frustração cívica existe em todos os Estados Unidos, como toda agente sabe. Dantes dizia-se que era preciso evitar o capitalismo selvagem…pois, o problema é que o capitalismo não é domesticável. Particularmente nesse Império Mundial que viveu sempre de guerras, invasões, de hipócritas campanhas por direitos humanos, liberdade, democracia, sanções.
A questão é que esse Fel que têm espalhado pelo mundo agora são obrigados a tragá-lo. Precisamente com essas milícias armadas e com esses veteranos da guerra transformados em facínoras mercenários. Selvagens à solta, partiram, invadiram, roubaram, mataram, incitados por essa avantesma de pato bravo falido, um digno representante de uma verdadeira IDADE MÍNIMA.
Thanks genial Trump!
E o silêncio da polícia, os poucos bravos defensores da ordem que olhavam ternamente para o ataque? Pois, o assassino do Floyd não é caso único. Mas há outro lado desta História com letra GRANDE. É que nunca os Democratas tiveram vitória tão avassaladora! Afinal, a besta criou mesmo medo e o povo respondeu !
Muito obrigado, genial Trump, espero que continue a tentar rebentar com a Europa e que não desista de ir novamente a eleições
Foto destaque © Shannon Stepleton Reuters