O TUP, o 18 de janeiro e as revoltas de hoje
Amanhã Não Há Revolta
Teatro Universitário do Porto recuperou peça sobre revolta dos vidreiros
O Teatro Universitário do Porto (TUP) apresentou na quinta-feira a domingo passados “Amanhã não há revolta”, na Associação de Moradores da Bouça, recuperando uma criação coletiva com quase 50 anos sobre a revolta dos vidreiros em 1934.
Fotos de Nuno Matos
“O TUP faz 75 anos este ano e achámos que faria todo o sentido olharmos para o arquivo, percebermos a nossa história, e pegarmos numa peça importante para a nossa associação. […] Fomos os primeiros a pegar na peça e andámos com o espetáculo pelo país, em associações de moradores, associações de estudantes, nas Minas do Pejão. Teve carreira grande e contactou com muita gente”, contou à Lusa a presidente do TUP, e parte da equipa do espetáculo, Sandra Pinheiro.
O espetáculo teve carreira durante o período do Processo Revolucionário em Curso (PREC), quando “os sócios tinham vontade de falar de política e de coisas importantes para eles”, entrando aqui esta luta operária.
“Um grupo de operários começou uma revolta e a partir da Marinha Grande aconteceram greves e manifestações noutros locais, Silves, Sines, Almada, Barreiro. É um grande marco para o sindicalismo e organização coletiva em Portugal”, contou Sandra Pinheiro.
Representação do TUP | fazer o contraponto com os dias de hoje
Questões atuais
Desta base, e de entrevistas com os integrantes do espetáculo original, bem como material de arquivo, o grupo partiu para uma série de questões sobre a atualidade, perguntando como “fazer o contraponto com os dias de hoje” a partir desta evocação de um momento importante para a história dos direitos dos trabalhadores e organização coletiva.
“Como é que hoje nos manifestamos? Quais são as nossas preocupações? Quais são os direitos dos trabalhadores jovens? Como está isto no Porto, como a questão da habitação, da cidade e ocupação do espaço?”, questiona.
Também o lugar do TUP é refletido no espetáculo apresentado na Bouça, uma vez que esta associação com 75 anos de vida vive “em casa provisória há algum tempo”, sem sala de espetáculos nem condições para salvaguardar o arquivo.
O espetáculo é uma criação coletiva em que o texto é assinado por Isabel Pereira, Patrícia Xará, Rui Resende e Sandra Pinheiro, em cocriação com Fábio Schuch, Maria João Calisto e Maria João L.
Raquel S. fez apoio à dramaturgia e Patrícia Gonçalves apoio à encenação, com o desenho de luz a cargo de Cárin Geada, e a participação em processo e produção de várias outras pessoas.
AMANHÃ NÃO HÁ REVOLTA
18 a 21 de janeiro | quinta a sábado 21h30 + domingo 19h00
Associação De Moradores Da Bouça
Fotografias de Leonardo Machado
Fazer greve, manifestar-se, ficar cansado, revoltar-se.
Amanhã Não Há Revolta é uma criação coletiva que parte do “18 de janeiro de 1934”, um texto sobre a Revolta dos operários vidreiros da Marinha Grande, encenado pelo TUP nos anos 70. No nosso arquivo, descobrimos os cartazes, as fotografias e os adereços do espetáculo. Falámos com quem fez a peça: uma bandeira vermelha ficou presa no teto durante um espetáculo, fizeram-se palcos a partir de caixas ou da parte de trás de carrinhas, foi-se cantar músicas revolucionárias a Lisboa.
Queríamos saber o que queriam dizer. Também queremos dizer alguma coisa.
Criação coletiva e texto: Isabel Pereira, Patrícia Xará, Rui Resende, Sandra Pinheiro
Co-criação / interpretação: Fábio Schuch, Isabel Pereira, Maria João Calisto, Maria João L, Patrícia Xará, Sandra Pinheiro
Apoio à dramaturgia: Raquel S.
Apoio à encenação: Patrícia Gonçalves, Raquel S.
Sonoplastia e design gráfico: Isabel Pereira
Desenho de luz: Cárin Geada
Operação de luz: Mariana Leite Soares
Operação de som e vídeo: Inês Pinheiro Torres
Direção técnica: Mariana Leite Soares
Apoio técnico: Eduardo Brandão
Apoio aos figurinos: Eva Moreira
Participação em processo: Aníbal Raposo, Eduardo Brandão, Isaura Melo, José Alberto Pereira, José Sousa, Nuno Matos
Vídeo: Nuno Matos
Fotografia: Leonardo Machado, Ni, Nuno Matos
Produção: Gonçalo Albuquerque, Inês Pinheiro Torres, Joana Carvalho, Mariana Leite Soares, Rui Resende, Sandra Pinheiro
Apoio à produção: Manuel de Barros, Ricardo Pinheiro, Tiago Aires Lêdo
Acolhimento: Associação de Moradores da Bouça, Manuel Monteiro, Paula Macedo
Agradecimentos: Hélder Costa, Teatro Operário de Paris, Tino Flores, Casa da Música, Ernesto Costa, gui silvestre, Maria João Leite, Maíra Mafra, Miguel Amorim, Rádio Metropolitana Porto, Vera Santos
Um projeto apoiado pela Universidade do Porto e IPDJ.