8 de Outubro, 2024

SEM FRONTEIRAS | 23 de dezembro 2020 | Livros de dezembro 2020

Exílios 1 e 2, obras coletivas, edição da AEP61-74 Associação de Exilados Políticos Portugueses, coordenação e design de Fernando Cardoso.

Fernando Cardoso

Resumo

Exílios 1 e 2, dois livros que englobam 50 testemunhos de homens e mulheres que, entre 1961 e 1974 foram forçados, pelas suas convicções anti-fascistas e anti-coloniais, a abandonar Portugal e a exilarem-se em vários países do Mundo.

Palavras-chave

Deserção, Ditadura, Estrangeiro, Exílio, Fascismo, Fronteira, Guerra Colonial, Língua, Luta políticaSaudade.

Desenvolvimento do tema

Antes de 2016 não havia o(s) livro(s) Exílios, o objecto, o produto, esta coisa chamada Exílios.

Antes, tudo estava em paz e esta rotura, esta perplexidade, esta manifestação da memória, não tinha lugar, não ocupava espaço, não era referenciada, não interrogava, não provocava.

Agora, no espaço público, existem não um, mas dois livros Exílios.

Inquietaram-se algumas consciências e vieram reclamar sobre a ausência das suas memórias, das memórias de todos os exilados, das memórias de todo o campo m-l, das memórias do “também nós gostaríamos de estar representados”.

Das memórias a que também têm direito. Que este livro é sectário, que é tudo malta da OCMLP…

No sub-título do livro escreve-se e cito “testemunhos de exilados e desertores portugueses na Europa (1961-1974). DE… e não DOS.

Portanto alguns, em português escorreito. Nunca quisemos, nem queremos, produzir memórias m-l ou maoístas ou ser representantes de um qualquer exílio total e mítico.

Temos sido interpelados, nas várias sessões de apresentação do(s) livro(s) e já foram 50 sobre este tema, por gente que se sente excluída por não fazer parte desta coisa. Temos respondido com alguma leveza: que mil livros de memórias floresçam.

Agora, curiosamente, até os investigadores/historiadores dizem: “isto é tudo malta do Grito do Puobo”. “Eu diria de outra maneira: para fazer Exílios.1 foi malta que se licenciou no Comunista, fez o mestrado na OCMLP e o doutoramento no PCP R., em Erasmus claro!”

E isto porquê? Claro que fomos tão dogmáticos como qualquer bom maoísta na época, mas tínhamos a capacidade de ter prazer na política e de estabelecer fraternos laços com os camaradas que se fizeram amigos e tudo está bem desde o tofu vegan, até à mais ousada Posta Mirandesa. Ainda hoje pensamos que devia ser uma seca, militar com o Eduíno ou com os trotskistas ultra-organizados.

Queremos contar “a alegria, a entrega, uma certa anarquia, o risco, o medo, o prazer, a adrenalina de ser parte activa num mundo em transformação”. É essa a nossa marca e é isso que marca as nossas memórias, as memórias destes estrangeirados. Sei que ninguém acreditava que este livro se fizesse.

Estou a ler os pensamentos dos camaradas no 1º encontro do Rabaçal em 2014 que começaram a achar a impossibilidade, possível. Estes textos, por serem também memórias dolorosas, foram de difícil produção. Mas, como temos esta capacidade infindável de jogo de cintura e dispomos de uma rede que estava adormecida, que acordou e foi solidária, tudo isto permitiu produzir esta coisa, estas memórias, estes livros.

E hoje, temos orgulho no trabalho feito por várias razões mas, sobretudo, porque é uma criação única no panorama da produção memorabilística portuguesa. Vinte e dois desconhecidos e desconhecidas (agora 50), atrevem-se a pôr cá para fora esta coisa que, estou cada vez mais convencido, provocou muitas perplexidades nos investigadores destas áreas do conhecimento.

O livro Exílios.1, apresentado entre Luanda a Estocolmo (ainda não conseguimos do Minho a Timor!), foi um sucesso em toda a linha, acabou, está esgotado.

A materialização concretizada de memórias em Exílios.1 veio catalizar outras vontades de quem pensava que as suas histórias não tinham valor, não eram história, apenas eram coisas pessoais das quais raramente se falava…muitos filhos e netos desconhecem o que fizeram os pais e avós.

As centenas de contactos que fizemos no “road show” de Exílios.1 ajudaram mais memórias a rebaterem-se em palavras e sons e a tomarem a forma de livro.

Exílios.2 está aí e segue o mesmo caminho do seu irmão.

Exílios.3 em preparação…

“Uma faísca pode incendiar toda a pradaria”.

Fernando Cardoso Dezembro 2020

Onde adquirir

Contactar AEP61-74 Associação de Exilados Políticos Portugueses

Livros Exílios 1 e 2 – capa

Editor

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