Não vos mataram, semearam-vos!
SF|3 Abr. 21| INFO
Passaram 45 anos sobre o atentado à bomba que vitimou o Padre Max e a estudante Maria de Lurdes Correia. Algumas iniciativas foram levadas a efeito no dia 2 de abril para lhes prestar tributo e reavivar a memória dos acontecimentos de então ao mesmo tempo que sublinharam as causas por que lutaram.
“Foi no mesmo dia em que a Assembleia da República aprovava a Constituição que resultou do 25 de Abril e plasmou os seus valores fundamentais – 2 de abril de 1976 – que Max e Maria de Lurdes foram abatidos e silenciados. Dedicavam parte do seu tempo à promoção cultural de trabalhadores na freguesia da Cumieira, Vila Real, através de aulas noturnas. Nessa noite, depois da aula, meteram-se no carro. Uma outra pessoa da terra ainda apanhou boleia umas centenas de metros. Mal saiu e a viagem prosseguiu, deu-se a explosão” foi desta forma que o 7Margens recorda o enquadramento político do assassinato e relembrou o percurso dramático que Max e Maria de Lurdes percorreram no automóvel.
Por sua vez Luis Fazenda recorda, no mesmo sentido, no jornal Público num artigo que constitui simultaneamente um apelo à justiça ” No dia 2 de abril, passam 45 anos da data em que o sacerdote católico Maximino Barbosa de Sousa e a estudante Maria de Lurdes Correia foram mortos à bomba, com a explosão do automóvel onde seguiam, na Cumeeira, de regresso a Vila Real, depois de aulas na Casa do Povo da freguesia onde alfabetizavam gratuitamente adultos em horário noturno”. Refere ainda o autor em carta aberta que “O assassinato de Max e Lurdes trouxe um repúdio tal que desencadeou um autêntico movimento de democratização cujas raízes ainda perduram”.
O padre Max e a Maria de Lurdes eram de famílias de emigrantes e o então sacerdote viveu em França tendo contactado diretamente com o movimento do Maio de 68. Muitas das iniciativas que desenvolviam nas faldas do Marão tinham por inspiração o sentido libertador e transformador dos movimentos sociais daquela época.
Para Fazenda, o padre Max “foi um símbolo da luta contra a extrema-direita e também para os jovens de hoje, que continuam a acalentar os sonhos do desenvolvimento do interior contra o esquecimento”.
O combate à extrema-direita passa também pela denúncia da atuação, muitas vezes assassina, de movimentos extremistas, tipo MDLP ELP, que hoje atuam com alguma impunidade na Europa e também em Portugal.
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