19 de Setembro, 2024

Continuar a celebrar, programar e festejar o 18 de janeiro de 1934

DOSSIÊS SF | TRL – TERRAS DE RESISTÊNCIA E LUTA – N1 Janeiro 2022 | Marinha Grande

Alunas e alunos da Marinha Grande escrevem para o SEM Fronteiras. Hoje é a vez da Matilde Lopes que nos relata o percurso errático que realizou ao longo de uma semana participando em atividades cuja finalidade consistiu em comemorar, de forma dinâmica, o dia mais emblemático do calendário anual da cidade vidreira.

Relato do 18 de janeiro (de 2022) de uma estudante marinhense

Matilde Lopes

Aluna do 12ºJ, na Escola Secundária Engenheiro Acácio Calazans Duarte

17 anos. Este é o número que representa a minha curta existência, existência esta que, por sua vez, foi passada na Marinha Grande.

Ora, tendo isto em conta, era de esperar que tivesse um vasto conhecimento sobre a terra onde nasci e cresci e os acontecimentos que esta despoletou, nomeadamente o 18 de janeiro de 1934. A verdade é que nem sou capaz de afirmar que anualmente esta data foi por mim sempre comemorada ou sequer relembrada, muitos foram os anos em que nem uma palavra ouvi sobre o ato. Este ano, porém, senti que a comunidade marinhense abraçou, de facto, este marco do seu património histórico e cultural. Este ano, que marca o 88º aniversário da revolta do 18 de janeiro de 1934, tive o prazer de participar em diversas comemorações e atividades que tiveram como fim a perpetuação deste movimento operário.

Peregrinação com Hermínio

Logo a 16 de janeiro, participei num passeio pedestre/percurso histórico na Marinha Grande que contou com a presença de Hermínio Nunes. O pequeno grupo que constituiu os pedestres desta “peregrinação” visitou a Casa-Museu 18 de Janeiro de 1934 e fez paragens noutros marcantes lugares para a revolução desse mesmo dia, partilhando histórias e testemunhos.

Discursos pessoais, diretos e honestos

No próprio grande dia, dia 18, os professores do Grupo de História da minha escola- Escola Secundária Engenheiro Acácio Calazans Duarte- organizou a iniciativa “CONTA-ME COMO FOI…”,  uma conversa, que decorreu por volta das três horas da tarde no auditório da minha escola e que contou com a moderação de: Carlos Ribeiro, Coordenador do Sem Fronteiras; Hermínio Nunes; Pedro Correia e Paulo Tojeira que conseguiram cativar a sua difícil plateia através de um discurso extremamente pessoal, direto e honesto.

Exposição no Operário Marinhense

Ainda no dia 21 de janeiro, no âmbito da disciplina de Ciência Política, visitei a Exposição “Quando Amanhecerá Camaradas”, uma exposição documental sobre o 18 de janeiro, no Sport Operário Marinhense, que estará aberta ao público até dia 30 deste mês e que aconselho todos a visitar. Por obra do acaso, encontrava-se no local o historiador Hermínio Nunes, o que permitiu a complementação e continuação de alguns assuntos que não tinham sido abordados devido ao fator limitativo do tempo.

O episódio pela caneta de Saramago

Para além de todas estas dinâmicas organizadas, reparei que este ano todos os meus professores demonstraram uma especial atenção e interesse a esta data, fazendo questão de abordar o tema nas suas aulas. Por exemplo, a minha professora de Português optou por falar sobre o movimento na sua aula, articulando o assunto com a referência na obra que estamos a estudar no momento: o romance de Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, excerto, no capítulo IX, quando o “Doutor Ricardo Reis” está a ser interrogado pelo “Doutor-adjunto”, na sede da PVDE e faz menção ao episódio. Complementando ainda esta abordagem escolar, foi elaborada uma exposição interessantíssima, junto da mediateca da minha escola, sobre o 18 de janeiro, pelo Grupo de História da mesma.

Uma semana para valorizar um dia

Deste modo, posso concluir que este ano verdadeiramente comemorei o 18 de janeiro. Este ano, não só celebrei o dia, como comemorei durante uma semana inteira. Este ano, nem a pandemia serviu de desculpa para cancelar a comemoração desta marcante data. Este ano, através da iniciativa da Direção do Sindicato dos Trabalhadores de Indústria Vidreira, da Câmara Municipal da Marinha Grande, da Escola Engenheiro Acácio Calazans Duarte, entre outras instituições e organismos e de célebres cidadãos, o 18 de janeiro de 2022 relembrou os acontecimentos que há 88 anos ocorreram na terra marinhense e que se não se continuarem a celebrar, programar e festejar, cairão, por eventualidade, no esquecimento.

Matilde Lopes, aluna do 12ºJ, na Escola Secundária Engenheiro Acácio Calazans Duarte

Foto cedida por Matilde Lopes. Editado CR/SF

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