O 25 de novembro na RTP
Duran Clemente contesta afirmações produzidas na Revista do Expresso
Na “Revista Expresso” do passado dia 25 de novembro um texto do jornalista Filipe Garcia introduz referências falsas e abusivas, segundo Manuel Duran Clemente, sobre a sua actuação no dia 25 de Novembro de 1975. O conhecido capitão de Abril exigiu a reposição da verdade sobre a dita “ocupação da RTP” e ainda sobre afirmações produzidas no artigo tais como “aparece nos ecrãs. apelando à revolução armada, mas acaba por ver a sua comunicação interrompida…”.
A história dos acontecimentos do 25 de novembro continua por fazer de forma consistente e nesse sentido publicámos recentemente um artigo de Irene Pimentel.
As clarificações que Duran Clemente introduz na sua Nota ao Diretor do Expresso vão também no sentido de produzir informação clarificadora dos acontecimentos e do contextos daquela jornada.
Não fiz apelo à revolução armada
Escreve Duran Clemente ao abrigo do direito de resposta consagrado na lei “Ora acontece que eu não fiz nenhum apelo dessa natureza. Passados muitos anos a gravação desses momentos está ao dispor de qualquer cidadão. Estamos perante uma deficiência de investigação histórica a que, por ainda estar vivo, me assiste o direito de reclamar pela verdade. Pela verdade sobre este assunto e a maldade de muitas outras calunias que capitães de Abril, como me honro de ter sido, somos implacáveis alvos – da fúria de quem perdeu privilégios e de acomodados e incultos camaradas militares presos ao fantasma do comunismo apregoado – e fomos injustamente acusados de actos não cometidos.
Ameaçados de morte, nem pudemos esclarecer as nossas acções. Fomos obrigados para defesa do legitimo direito à vida a passar à clandestinidade que nada tem a ver com deserção como os juízes do processo assim o consideraram.
Resultou que, por mais uma aberrante acusação alguns de nós militares, dum colectivo libertador de Abril de 1974, conspirando durante mais de dois anos, ficámos afastados da família, longe do nosso país, sem emprego e com forte angustia sobre o futuro incerto e nublado. Sabem alguns jornalistas sérios o que isso é. Outros inexperientes divertem-se na sua fantasia, ignorância e diletantismo.
Eu não ocupei a RTP
Mais esclareço e desminto no texto. Eu não ocupei a RTP. Como segundo comandante da EPAM /Escola Pratica de Administração Militar cumpri normas superiores militares. Sempre fui disciplinado militar desde os tenros onze anos como aluno dos Pupilos do Exercito// “Querer é Poder”.
Apelei sim, sempre à Paz, apesar de militar e não esquecendo Clausewitz -“a guerra só depois da diplomacia não ter sucesso” – e Alexis de Tocqueville “o individualismo na democracia pode afastar esta dos laços sociais”.
Refere, ainda Duran Clemente um episódio recente “num encontro, há dias, com Francisco Balsemão num almoço no restaurante “Montemar/Cascais” tivemos troca de impressões sobre a importância do semanária Expresso no caminho de Abril.
Estou à disposição para esclarecimentos futuros sobre a conspiração, sobre Abril e sobre o PREC e estes 48 anos de democracia “confiscada”.