22 de Janeiro, 2025

Le Pen e Mélanchon querem a mesma coisa: eleições já! 

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Em França todos os minutos contam 

Com Danielle Desguées | Paris

Depois do equilíbrio instável alcançado com a nomeação de Michel Barnier para chefiar o governo  a crise politica regressou a França com a queda do executivo depois da aprovação na Assembleia Nacional de uma moção de censura que juntou os setores extremos do hemiciclo, a França Insubmissa de Mélanchon e a União Nacional de Marine Le Pen. 

O que esteve na base desta nova rutura no sistema político francês relaciona-se diretamente com temas do orçamento geral de Estado, mas também com estratégias eleitorais dos partidos em presença. 

© Xose Bouzas / Hans Lucas / Hans Lucas via AFP

O quadro das soluções

“É realmente uma situação complexa porque o PS está encurralado entre a LFI – França Insubmissa, como parte integrante da Nova Frente Popular, e aqueles que querem ampliar o quadro das soluções através de uma frente republicana, ou seja, agregando também os Macronistas” adianta-nos Danielle Desguées a partir de Paris. Para a dinamizadora dos sistemas cooperativos da economia social e ex-membro do Comité Económico e Social da Île-de-France ,agora regressada ao jornalismo  “ A LFI quer que Macron se demita porque pretende que Mélenchon se candidate à presidência o mais rapidamente possível. Pelo seu lado  a extrema-direita quer exatamente a mesma coisa porque a sentença do julgamento em curso sobre as suspeitas ilegalidades da União Nacional pode implicar a inelegibilidade por 5 anos para Le Pen. Ora tudo indica que o veredito do tribunal poderá ser pronunciado em Janeiro 2025. Portanto, todos os minutos contam, se assim posso dizer”. 

Para Danielle Desguées o comportamento do então chefe-do- governo é absolutamente criticável “Barnier continuou a aceitar todos os pedidos da União Nacional para alterações à votação do orçamento e este irresponsável não reteve nenhuma das alterações propostas pela esquerda”. 

Um novo movimento 

A nossa interlocutora informou-nos ainda sobre o surgimento de um novo protagonista no espetro político francês “O movimento Vitórias Populares não tem qualquer estrutura orgânica. Qualquer pessoa pode aderir a esta ou aquela ação consoante o seu interesse e a sua disponibilidade. Este movimento está a organizar-se localmente para eleições e agora para ações políticas específicas. Em particular, as ações são organizadas, por exemplo, porta a porta nos bairros populares fora do período eleitoral. Na sequência do seu compromisso com as vitórias populares, muitos jovens decidiram aderir às correntes socialistas ou aos ecologistas. É bastante estimulante!” adiantou-nos Danielle Desguées. 

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