14 de Outubro, 2024

MEMÓRIAS VIVAS | 1938

NATAL E ANO NOVO DOS EXILADOS

por Luís Manuel Farinha

1 de Janeiro de 1938

SAUDAÇÃO À DEMOCRACIA PORTUGUESA

O Comité de Paris da Frente Popular Portuguesa, em comunhão estreita com todos os companheiros de exílio, espalhados por tantos países, saúda esperançosamente, neste primeiro dia de Ano Novo, com os protestos da sua indissolúvel solidariedade, os valorosos republicanos que dentro de Portugal, na Metrópole e no Ultramar, sofrendo as mais violentas perseguições, há mais de dez anos, opõem irredutível intransigência à brutal opressão que degrada criminosamente a Nação.

Por mais que ela nos feche o acesso ao solar natal, os nossos corações estão lá. As fronteiras que separam os povos são sobretudo morais, e essas não existem entre nós e a Pátria. A vindicta contra a nossa revolta pode covardemente, não saciada ainda com a ruína dos nossos lares, prender e martirizar os nossos filhos: nada fará vacilar a chama ardente da nossa fé no ressurgimento da liberdade, alma da nossa História, desde Ourique. (…)(Bernardino Machado, Manifestos Políticos (1927-1940), compilação, prefácio e notas de A. H. de Oliveira Marques), Palas Editores, Lisboa, 1978)

BERNARDINO MACHADO

Em 1938, BERNARDINO MACHADO continuava no exílio (entre Espanha e França), porque se recusara a voltar ao país com a amnistia concedida pelo Ditador em 1936, enquanto não pudessem regressar em liberdade todos os companheiros de luta. TINHA ENTÃO 89 ANOS.

Constituíra-se, em 1937, uma Frente Popular Portuguesa, integrando uma conjunção alargada de opositores (republicanos, comunistas, anarquistas), organização em que Bernardino Machado era uma figura central.

Com a derrota dos Republicanos espanhóis e a invasão da França pelo nazi-fascismo, Bernardino Machado regressa ao país, sendo preso em Vilar Formoso em 28 de junho de 1940. Protestou, mas foi obrigado a fixar residência em Paredes de Coura, em 29 de junho.

Luis Manuel Farinha | Diretor do Museu do Aljube – Resistência e Liberdade

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