Lutas anticoloniais
António Paiva apresentou livro da ODTI no Luxemburgo
O livro que tenho a honra de vos apresentar “Luttes Anticoloniales” foi publicado pela ODTI sendo apenas e só o relatório da conferência internacional que ocorreu em Grenoble no dia 24 de setembro de 2021, por ocasião do 50º aniversário da criação da ODTI.
António Paiva, Luxemburgo
O ODTI foi fundada em 1970 por associações, sindicatos, mútuas de seguros, investigadores e personalidades progressistas, com o nome de Office Dauphinois des Travailleurs Immigrés. Em 2004 tornou-se Observatório da Discriminação e dos Territórios Interculturais.
Lembre-se que em janeiro de 1964, a cidade de Grenoble foi selecionada para organizar as Olimpíadas de Inverno de 1968. As obras e os investimentos foram gigantescos: equipamentos, áreas residenciais, estádios, pistas de esqui, infraestruturas, etc. Muitos trabalhadores estrangeiros são envolvidos nesta gigantesca tarefa, entre eles milhares de portugueses. Foi neste contexto que nasceu o ODTI.
A conferência mencionada foi dedicada, como salientou o seu presidente, o Sr. Claude Jacquier, “às lutas de libertação passadas, presentes e futuras no mundo, bem como ao trabalho comum das diásporas resultantes das migrações em todas as regiões urbanas e em particular em Grenoble”.
Nas instalações da ODTI foi organizada uma exposição portuguesa sobre a guerra colonial onde se destacou o papel dos desertores portugueses na luta contra a ditadura.
Recordemos que é graças à guerra do ultramar, assim denominada pelo regime ditatorial, guerra colonial, para os opositores e guerra de libertação para os movimentos de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, que Portugal se tornou uma democracia, através do golpe militar que em 25 de abril derrubou o regime ditatorial português.
Na conferência, a guerra da Argélia foi também abordada por M.Tramor Quemeneur, que se debruçou particularmente sobre os “refratários à guerra da Argélia”, ocorrida entre 1954 e 1962. M.Tramor fez ainda a comparação entre as guerras de descolonização que tinha começado naquele período em Portugal, enquanto a guerra na Argélia estava a terminar.
A turbulenta história do Chade, país que foi uma colónia francesa, também foi abordada nesta conferência. Os sucessivos regimes autoritários mergulharam o país numa crise política, social, económica, de segurança e militar, para a qual certamente só o povo, com a ajuda internacional, poderá encontrar uma solução.
Numa altura em que tentamos resgatar a memória, para as gerações mais novas, dos séculos de escravização, tráfico negreiro, deportação, trabalhos forçados, apartheid, segregação e campos de concentração, notamos que a história se repete e que a invasão da Ucrânia pela Rússia coloca novos e preocupantes desafios, que exigem a nossa atenção e empenho.
António L. Paiva, Dudelange