PUM já está!
Palhaças querem influenciar o desenvolvimento global humano [1]
O encontro histórico de líderes de redes e de referências artísticas da palhaçaria mundial teve lugar em Carnide, na Feira da Luz, na jornada de arranque das Gargalhadas na Lua.
REPORTAGEM – Feira da Luz, Carnide | CVR / NSF
A mesa da Conversa realizada na Feira da Luz com Silvia Leblon, Enne Marx, Adelvane Néia, Merche Ochoa e Susana Cecílio [da esq.para a dir.]
No stand da Junta de Freguesia de Carnide instalado na Feira da Luz, uma área reservada ao silêncio e aos acontecimentos suaves da programação, juntaram-se protagonistas diversos do universo da palhaçaria para debater “assuntos sérios”, isto no âmbito da Mostra Gargalhadas na Lua que a autarquia local apoia ativamente.
A porta de entrada virada para a Feira deixava passar um composto sensorial eclético. Vozes e gritos dos transeuntes que passavam, odores das caravanas de farturas e de grelhados, músicas que misturavam num mesmo fluxo sonoro Marco Paulo e os Xutos e Pontapés, tudo entrava e saia sem deixar rasto, confirmando de forma subliminar que o ambiente era de festa e que o direito à preguiça estava instalado na cidade.
Na mesa dos intervenientes da conversa muito informal, que arrancou pelas 19h00, estavam presentes Silvia Leblon, Enne Marx, Adelvane Néia, Merche Ochoa e Susana Cecílio que deram início ao encontro com relatos de experiências que integram a própria história da Palhaçaria feminino, no Brasil, em Espanha e em Portugal.
A moderadora Enne Marx lançou o debate procurando que a reflexão coletiva se centrasse nos movimentos que se cruzam e que reforçam em torno do conceito “palhaçaria” que hoje já é implementado em setores sociais muito diversos dando origem à Palhaçaria Negra, à Palhaçaria Trans, à Palhaçaria Sagrada e a outras modalidades que aprofundam as práticas estéticas e conceptuais autónomas deste movimento crescente que por sinal já chegou à própria academia e à investigação social.
As narrativas de experiências foram úteis para relembrar o percurso realizado desde os anos 90 e para colocar de forma muito direta a importância das redes e das formas de cooperação entre todas as protagonistas do Brasil, da Europa e de Portugal de forma mais específica.
Silvia Leblon insistiu na intenção de fundo do movimento que não tem por prioridade a temática das mulheres e da sua emancipação, mas antes o contributo da palhaçaria para a emancipação de todos a partir de critérios de criatividade e de liberdade que venham do interior de cada palhaça. Sugeriu até que se distinguisse palhaçaria de comicidade apesar de sentir que se cruzam e se complementam, mas, como afirmou, são distintos nas suas finalidades.
Enne Marx aproveitou para informar que a PUM é uma nova rede mundial que vai procurar agregar as palhaças do mundo inteiro em torno das ideias e das experiências que já existem nos diversos países do globo. PUM-Palhaças Unidas no Mundo não podia ser melhor acrónimo para uma rede que se deseja explosiva nas intenções e nas ações. PUM! Já está!